
O Ministério Público Federal montou um mapa com o caminho dos US$ 16,5 milhões da propina paga pelo empresário Eike Batista para o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). Os dois tiveram prisão decretada pela Justiça Federal, na Operação Eficiência, desdobramento da Calicute - fase da Lava Jato no Rio.
O dinheiro chegou a Cabral por meio da conta em nome da offshore Golden Rock, no TAG Bank, no Panamá.
Eike está sendo procurado pela Polícia Federal. Segundo a defesa do empresário ele está em viagem fora do País, mas vai se entregar.
A prisão preventiva de Eike foi decretada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal do Rio. Cabral também teve prisão decretada, mas ele já está recolhido no presídio de Bangu 8 desde novembro, alvo da Calicute. Segundo o Ministério Público Federal e a Polícia Federal a propina milionária foi solicitada por Cabral em 2010.
Para dar aparência de legalidade à operação foi realizado em 2011 um contrato de fachada entre a empresa Centennial Asset Mining Fuind Llc, holding de Batista, e a empresa Arcadia Associados, por uma falsa intermediação na compra e venda de uma mina de ouro.
A Arcadia recebeu os valores ilícitos numa conta no Uruguai, em nome de terceiros mas à disposição do peemedebista. Da operação de repasse de US$ 16,5 milhões via conta no Panamá teria participado Flávio Godinho, vice presidente de futebol do Flamengo e do Grupo EBX, também alvo de mandado de prisão na Eficiência.
Propina total. A Operação Eficiência foi deflagrada na manhã desta quinta-feira, 26. Os investigadores apontam envolvimento de Eike e Cabral em lavagem de US$ 100 milhões no exterior. A maior parte desse dinheiro - R$ 270 milhões - já foi repatriada, segundo os procuradores da República que investigam Eike e Cabral.
Na nova fase das investigações sobre a organização criminosa supostamente liderada pelo ex-governador do Rio, o Ministério Público Federal pediu à Justiça a decretação de dez prisões preventivas - por tempo indeterminado -, quatro conduções coercitivas e o cumprimento de buscas e apreensões em 27 endereços no Rio, Niterói, Miguel Pereira e Rio Bonito.
Com a Operação Eficiência, a força-tarefa da Lava Jato, no Rio, aprofunda a apuração de um esquema usado por Cabral e pelos demais investigados para ocultar mais de US$ 100 milhões (mais de R$ 340 milhões) remetidos ao exterior.
A investigação, concentrada nos crimes de corrupção (ativa e passiva), lavagem e evasão dos recursos, tem avançado com base em quebras de sigilo (bancário, fiscal, telefônico e telemático) e em acordos de colaboração premiada.


Segundo os procuradores, a organização criminosa movimentou, em dez meses - agosto de 2014 a junho de 2015 -, R$ 39,7 milhões, ou cerca de R$ 4 milhões por mês.
Eike Batista, Godinho e Cabral também são suspeitos de terem cometido atos de obstrução da investigação, porque numa busca e apreensão em endereço vinculado ao empresário em 2015 foram apreendidos extratos que comprovavam a transferência dos valores ilícitos da conta Golden Rock para a empresa Arcádia.
Naquela ocasião, os três investigados 'orientaram os donos da Arcadia a manterem perante as autoridades a versão de que o contrato de intermediação seria verdadeiro'.
"De maneira sofisticada e reiterada, Eike Batista utiliza a simulação de negócios jurídicos para o pagamento e posterior ocultação de valores ilícitos, o que comprova a necessidade da sua prisão para a garantia da ordem pública", afirmam os nove procuradores corresponsáveis pela Operação Eficiência.