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‘O negócio estaria muito mais enrolado’; ouça Mauro Cid com Wanjgarten sobre joias

Áudio obtido pelo Estadão revela conversa, em 13 de março, de ex-ajudante de ordens de Bolsonaro com o advogado Fábio Wajngarten; ‘nem sabia que você estava no circuito’

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Por Pepita Ortega
Atualização:
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, é peça central na investigação sobre trama das joias Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

Áudio obtido pela reportagem do Estadão revela detalhes de uma conversa entre o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e o advogado Fábio Wajngarten sobre o caso das joias sauditas, que colocou o ex-presidente na mira da Polícia Federal.

“Cara nem sabia que você estava no circuito”, disse Mauro Cid a Wajngarten no dia 13 de março, dez dias depois de o Estadão tornar público os esforços do ex-braço direito de Bolsonaro para resgatar estojos de joias presenteados ao Estado brasileiro pela Arábia Saudita que acabaram retidos pela Receita no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

'O negócio estaria muito mais enrolado'

'O negócio estaria muito mais enrolado'

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Na mesma gravação, Mauro Cid seguiu: “E eu falei, pô, se não fosse o Fábio nessa guerra toda, o negócio estaria muito mais enrolado.” Wajngarten sustenta que, à época, só tinha conhecimento de kits de joias trazidos ao Brasil pela comitiva do ex-ministro Bento Albuquerque - o kit ‘Rose Gold’ e o conjunto que continha brincos e colar de diamante (que ficou retido no Fisco).

A trama das joias, que perturba Bolsonaro e seus aliados, foi alvo da Polícia Federal na Operação Lucas 12:2, que investiga um suposto esquema de venda e recompra dos presentes.

Quatro dias antes de Cid enviar o áudio a Wajngarten, este encaminhou ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro uma notícia veiculada pela CNN Brasil de que o Tribunal de Contas da União estava prestes decidir sobre a devolução das joias.

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“Tem que devolver (as joias) imediatamente. É impressionante como ninguém pensa”, escreveu Wajngarten a Cid, na ocasião.

Os investigadores da Operação Lucas 12:2 apontam que a ordem da Corte de Contas resultou em uma conturbada missão de ‘resgate’ dos presentes por parte dos aliados do ex-presidente, que deixaram rastros.

No mesmo dia, 9 de março, Cid conversou com Marcelo Camara, assessor de Bolsonaro, indica a Polícia Federal. Ele encaminhou uma notícia de mesmo teor, publicada pelo jornal O Globo, e escreveu: “Vão pedir esse e os outros...”

O advogado Fábio Wajngarten se calou nesta quinta, 31, à Polícia Federal Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO
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