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Opinião|O que realmente importa?

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Você já se sentiu muito feliz por alguma conquista mas percebeu que, com o passar do tempo, esse sentimento não era mais o mesmo? Aquele objetivo tão sonhado já não causa tantas alegrias?

Este processo chama-se adaptação hedônica, uma tendência do ser humano de regressar rapidamente ao seu platô de felicidade, apesar da ocorrência de fatos positivos. Quando isto acontece, criamos novos referenciais com a ilusão de que seremos plenamente felizes ao alcançá-los. Segundo o autor canadense Shane Perrish, acreditamos que o próximo nível será suficiente, mas nunca é. Na realidade, a próxima promoção não vai mudar quem você é; o carro bacana não fará com que você seja mais feliz; mais seguidores nas redes sociais não o tornarão uma pessoa melhor. A questão é que nosso cérebro está programado para buscar constantemente experiências novas e recompensadoras.

Fernando Goldsztein Foto: Marcos Nagelstein/Estadão

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Bem, como diz o ditado, para toda regra existe uma exceção. Eu tenho um amigo, de apenas 53 anos, que decidiu parar de trabalhar. Trata-se de uma pessoa com muitas qualidades: inteligente, criativo, perspicaz, sociável e agregador. Talvez uma das pessoas mais comunicativas que já convivi. Não importa quem esteja ao seu redor, conhecido ou desconhecido, ele puxa papo. E, como também é muito carismático, logo cativa os seus interlocutores. Porém, trabalhar que é bom, nada.

Você deve ser se perguntando agora: “Mas vive de que este teu amigo”? Bem, ele iniciou cedo, trabalhou muito e conquistou a tão sonhada independência financeira. A partir daí, ao invés de continuar acumulando posses, resolveu curtir a vida. Ele tem uma renda mensal de aluguéis que lhe proporciona estabilidade financeira. Ah, uma questão fundamental é que ele gasta pouco. É uma pessoa realmente econômica. Grifes, luxos ou exageros, nem pensar.

Ao ser questionado, sua resposta é sempre a mesma: “Tenho tudo que preciso. Um bom apartamento, carro, plano de saúde, boa escola para os meus filhos e comida na geladeira. E, ainda posso usar o meu tempo para passear, andar de bicicleta e conhecer pessoas novas. Trabalhar pra que?” É evidente que o trabalho pode ter outros significados que vão além do sustento, mas isso é assunto para outro texto…

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O meu amigo me faz lembrar a lenda do pescador que cochilava feliz à sombra de um coqueiro depois de uma manhã de boa pescaria. Um senhor elegante que passava pelo local perguntou ao pescador:

- Porque você não pesca também no turno da tarde?

- Meu senhor, eu já pesquei o suficiente para minha família comer hoje. Amanhã pesco novamente, respondeu o pescador passivamente.

- Mas, se você pescar também na parte da tarde, poderá vender o peixe excedente. E, com o dinheiro extra que for acumulando, poderá comprar mais um barco de pesca e contratar outros pescadores. Dentro de alguns anos terá uma verdadeira frota de barcos de pesca! Diz o senhor entusiasmado.

- E para que eu iria querer tudo isso? Indaga o sossegado pescador.

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- Ora, diz o elegante senhor. Você terá tanto dinheiro na sua conta bancária que poderá se dar ao luxo de passar as tardes cochilando à sombra de um coqueiro…

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Segundo o consultor e colunista da Forbes, Tim Mauer, o importante é encontrar o ponto comum entre acumular cada vez mais e conquistar o que realmente tem significado nas nossas vidas. Aquilo que nos inspira, o que tem mais valor para cada um de nós.

Afinal, não são somente os ativos tangíveis que devem ser contabilizados no balanço da vida, mas também os intangíveis e muitas vezes mais valiosos como o nosso tempo; energia; saúde e os relacionamentos…

Se não atribuirmos propósito às nossas vidas, ficaremos indefinidamente tentando acumular simplesmente por acumular, ao invés de investir o nosso tempo e energia no que realmente nos fará pessoas mais felizes.

Fica então a pergunta que raramente fazemos a nós mesmos: O que realmente importa na sua vida?

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*Fernando Goldsztein, empresário e fundador do The Medulloblastoma Initiative

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