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Opinião|Paraisópolis: após quatro anos da tragédia, jovens sem lazer e oportunidades

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convidado
Por Joildo Santos*

Em 1º de dezembro de 2019, nove jovens perderam suas vidas pisoteados durante um baile funk. Este episódio lamentável não só abalou a comunidade, mas também ressaltou a falta de opções de lazer, esporte e cultura para a juventude em todo o estado de São Paulo. É crucial refletirmos sobre o que mudou desde então, e o que ainda precisa ser feito para garantir que nenhum jovem seja privado de oportunidades e diversão em suas próprias comunidades.

Rua Ernest Renan, em Paraisópolis, São Paulo, onde nove jovens morreram pisoteados tentado fugir do baile funk Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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É importante observar que, embora a tragédia tenha ocorrido em Paraisópolis, nenhum dos jovens vitimados era residente do local. Isso aponta para uma questão mais ampla: a ausência de alternativas de entretenimento e desenvolvimento para a juventude em suas próprias favelas e bairros. Sim, a falta de investimento em espaços culturais, esportivos e recreativos é evidente. A juventude das favelas, muitas vezes, se vê privada de oportunidades para se divertir de maneira segura e construtiva. Ainda mais alarmante é a ausência de políticas eficazes que tratem disso, levando em consideração as lições dolorosas aprendidas com o massacre de 2019.

Nosso grupo, comprometido com a democratização da comunicação, publicidade, inovação e tecnologia nas favelas, entende que a cultura local é um ativo valioso. Porém, é essencial complementar essa valorização com a criação de espaços e programas que atendam às necessidades de lazer e desenvolvimento da juventude.

É inaceitável que, após quatro anos, não tenhamos visto avanços significativos no atendimento dessas demandas. As autoridades precisam agir sem a necessidade da tragédia os pressionando por respostas, investindo em infraestrutura e programas que proporcionem oportunidades de lazer, esporte e cultura nas favelas e bairros menos privilegiados.

Joildo Santos Foto: Arquivo pessoal

Além disso, é crucial que os responsáveis pelo massacre sejam julgados, trazendo um mínimo de justiça para as famílias afetadas. A impunidade só perpetua a sensação de desamparo e a falta de confiança nas instituições.

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Nossa visão para o futuro inclui a criação de polos de desenvolvimento em todo o Brasil, gerando não apenas renda local, mas também oportunidades e opções de lazer para a juventude. É tempo de transformar essa visão em ações concretas, trabalhando em conjunto com as comunidades para construir um futuro mais justo e inclusivo para todos.

Em memória dos jovens que perderam suas vidas em Paraisópolis, instamos as autoridades a agirem com determinação para criar um ambiente onde a juventude possa prosperar, celebrar a vida e contribuir positivamente para suas comunidades.

*Joildo Santos é presidente do Instituto Crias, cofundador do G10 Favelas e CEO e fundador do Grupo Cria, conglomerado focado em comunicação, inovação, publicidade e tecnologia, especialmente para as periferias e favelas do Brasil

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