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Por que estamos desacreditadas de relacionamentos heteroafetivos?

Por Daniela Faertes
Atualização:
Daniela Faertes. Foto: DIVULGAÇÃO

Quantas vezes você já se pegou pensando que era mais fácil desapegar das questões amorosas? O termo heteropessimismo, criado pela escritora americana Asa Seresin, vem ganhando popularidade. Na prática, é um sentimento de decepção e falta de esperança de como se apresentam as relações heterossexuais nos dias de hoje.

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Essa descrença de que o relacionamento com o sexo oposto possa ser benéfico abre um novo olhar sobre a possibilidade da felicidade individual. Começamos a enxergar que é possível ser feliz solteira. Com isso, alimentamos mais a vida social, nos fazemos presentes com amigos e familiares, além de buscarmos encontrar formatos de trabalho interessantes.

Apesar desse fenômeno também acontecer com os homens, é mais comum entre as mulheres. Basta uma conversa para ouvir situações ruins sobre dates. Há um pessimismo generalizado. O movimento feminista nos motivou a questionar certos padrões masculinos, como o da naturalização da traição, ou o da não divisão de tarefas domésticas, por exemplo.

No último ano, a revista norte-americana Cosmopolitan publicou um artigo que reforça que o formato de relações monogâmicas está perdendo espaço, sobretudo em um contexto pós-pandemia. Segundo o levantamento, um em cada quatro solteiros não embarcaria nesse tipo de relacionamento novamente. O mesmo demonstrou que 43% dos solteiros da Geração Z sofrem de ansiedade social ao namoro.

É nesse momento em que entra o heteropessimismo. Ele não tem ligação, necessariamente, com relacionamentos violentos ou nocivos, abuso ou hierarquia, mas trata-se de uma decepção generalizada da experiência heterossexual devido a uma falta de responsabilidade emocional.

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No início da relação, onde chamamos de "fase da paixão", as pessoas tendem a sentir emoções mais fortes, que costumam passar com o tempo. Às vezes, elas falam coisas que não necessariamente são mentiras, mas porque estavam apaixonadas. A paixão dura de oito meses a dois anos, segundo neurocientistas, e, dentro deste período, a pessoa pode ter posturas, comportamentos e falas que acabam não sendo condizentes com o tempo posterior.

Embora o conceito de heteropessimismo seja útil para aumentar a conscientização sobre um problema cultural, o pessimismo não pode ajudar a resolvê-lo. Podemos identificar movimentos femininos positivos, como as músicas compostas pelas cantoras Shakira e Miley Cyrus, que foram vítimas de traição e não aceitaram a situação, descarregando seus sentimentos através da música.

*Daniela Faertes, psicóloga. Formada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), é especialista em terapia cognitiva e mudança de comportamentos prejudiciais. Atuou no Serviço de Psiquiatria da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro e, como supervisora, coordenou o núcleo de tabagismo e criou o setor de amor patológico. É membro da American Cognitive Therapy Association e professora convidada de graduação e pós-graduação. Diretora do Espaço Ciclo no Rio Janeiro, palestrante e supervisora clínica e de Grupos de Estudo em Terapia Cognitivo

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