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Youtuber que sugeriu ‘extermínio de negros’ vai a julgamento por racismo

Influenciador Júlio Cocielo foi denunciado pelo Ministério Público Federal por publicações no X, onde tem 7,9 milhões de seguidores; defesa afirma que ele é humorista e fez ‘piadas e críticas sociais’, mas não discriminou ninguém

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Por Rayssa Motta
Atualização:
O youtuber Júlio Cocielo foi denunciado pelo MPF por publicações no Twitter. Foto: YouTube / @Rafi Bastos

O processo de racismo contra o influenciador Júlio Cocielo está pronto para ser julgado na Justiça Federal em São Paulo. Ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal por publicações feitas ao longo de sete anos, entre 2011 e 2018, no X (antigo Twitter), onde tem 7,9 milhões de seguidores. A defesa alega que as postagens são “piadas e críticas sociais”.

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Depois de ouvir as testemunhas e o próprio influenciador, o juiz Rodiner Roncada, da 1.ª Vara Federal de Osasco, na Grande São Paulo, recebeu os argumentos finais da acusação e da defesa. Essa é a última etapa antes do julgamento.

Para o advogado Rogério Cury, que defende o influenciador, ele usou as redes sociais como “plataforma de trabalho” para fazer humor e “não praticou qualquer ato discriminatório”.

O procurador da República João Paulo Lordelo, que assina a denúncia, pediu a condenação de Cocielo alegando que o influenciador teve a “intenção deliberada” de fazer publicações racistas.

“Ainda que o réu seja humorista, não é possível vislumbrar tom cômico, crítica social ou ironia nas mensagens por ele publicadas. Pelo contrário, as mensagens são claras e diretas quanto ao desprezo do réu pela população negra”, escreveu nas alegações finais. “Não é humor; é escárnio.”

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Em uma das publicações, o influenciador afirmou que “o Brasil seria mais lindo se não houvesse frescura com piadas racistas, mas já que é proibido, a única solução é exterminar os negros”. Escreveu também “nada contra os negros, tirando a melanina”. Segundo o Ministério Público, Cocielo apagou mais de 50 mil publicações com a repercussão das mensagens. Na época, ele chegou publicar um pedido de desculpas.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO ROGÉRIO CURY, QUE REPRESENTA O INFLUENCIADOR

“Durante a instrução a acusação não produziu nenhuma prova do que alegou, inclusive não arrolou nenhuma testemunha. Ao contrário, a defesa demonstrou cabalmente que o seu cliente, cuja profissão é humorista, em momento algum praticou qualquer ato discriminatório, pois publicou, em sua plataforma de trabalho, piadas e críticas sociais.”

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