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Vereador Adilson Amadeu é condenado à perda do mandato por antissemitismo

Parlamentar da Câmara Municipal de São Paulo foi denunciado por racismo após falar em ‘sem-vergonhice’ de judeus em áudio no WhatsApp; ele pode recorrer de sentença, que também impõe pena de três anos reclusão

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Por Rayssa Motta
O vereador Adilson Amadeu ainda pode entrar com recurso para tentar reverter condenação. Foto: JF Diorio/Estadão

O vereador Adilson Amadeu (União Brasil), eleito pela quinta vez nas eleições de 2020, foi condenado à perda do mandato por antissemitismo. Ele também deverá cumprir pena de três anos reclusão, em regime aberto.

A decisão não tem efeito imediato, ou seja, ele poderá ficar no cargo enquanto recorre para tentar reverter a condenação.

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O Ministério Público de São Paulo denunciou o vereador pelo crime racismo com base em uma mensagem enviada no WhatsApp.

“É uma puta duma sem vergonhice, que eles querem que quebra todo mundo, pra todo mundo fica na mão, do grupo de quem? Infelizmente também os judeus, quando eu até to até respondendo um processo, porque quando entra Albert Einstein, grupo Lide é que tem sem vergonhice grande, grande, sem vergonhice de grandeza, de grandeza que eu nunca vi na minha vida (sic)”, diz o trecho da mensagem de voz.

A juíza Renata William Rached Catelli, da 21.ª Vara Criminal de São Paulo, afirmou que o vereador foi “preconceituoso e extrapolou o direito à liberdade de expressão”. “Contribuiu para perpetuar e reforçar processos de estigmatização contra o judaísmo”, diz um trecho da sentença.

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Amadeu é reincidente. No ano passado, ele foi condenado por injúria racial após chamar o colega Daniel Annenberg (PSDB) de “judeu filho da puta” e “judeu bosta” em uma sessão na Câmara Municipal. O histórico foi considerado para endurecer a pena.

Adilson Amadeu já havia sido condenado por ataque antissemita. Foto: Reprodução/Processo judicial

A defesa do vereador argumentou que ele compartilhou o áudio com amigos de infância em um grupo fechado no WhatsApp e que suas críticas foram dirigidas à gestão da pandemia pela prefeitura e pelo governo paulistas e não aos judeus. Os advogados também destacaram que ele emitiu um pedido de desculpas à Federação Israelita de São Paulo e que ‘sempre teve amizade com judeus’.

Para a a juíza, por ser um homem público, o vereador deveria ter cuidado especial com suas manifestações. “Em poucas palavras, o acusado conseguiu reviver ideias sabidamente consideradas antissemitas, ajudando a disseminá-las, estigmatizando o povo judaico. O réu é um vereador, uma pessoa pública, e suas palavras ressoam de forma diversa das palavras de um desconhecido, um anônimo”, escreveu.

COM A PALAVRA, O VEREADOR

A reportagem busca contato com o vereador. O espaço está aberto para manifestação.

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