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Bolsonaro no Flow: ‘Sabemos o viés de esquerda da maioria dos ministros do STF’

Presidente volta a atacar magistrados e cita suposto ativismo judicial dos integrantes da Corte durante entrevista a podcast

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Foto do author Eduardo Gayer
Por Bruno Luiz e Eduardo Gayer
Atualização:

SALVADOR E BRASÍLIA – Em novo ataque a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta segunda-feira, 8, que a maioria dos magistrados da Corte têm “viés de esquerda” durante entrevista ao Flow Podcast. Ele também voltou a criticar suposto ativismo judicial dos ministros, que estariam interferindo em atribuições do Executivo e do Legislativo.

“Sabemos viés de esquerda da maioria dos ministros do STF. São favoráveis ao desarmamento, mas não abrem mão de carro blindado”, declarou o presidente.

Bolsonaro voltou a citar a cloroquina como alternativa ao tratamento da covid-19 Foto: Adriano Machado/Reuters

Bolsonaro lembrou a prisão do deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) para argumentar o suposto ativismo dos ministros do STF. “Para vivermos em harmonia, cada poder tem que fazer seu papel. O STF não pode ficar legislando, praticar ativismo judicial. Ministros interferem e não podem. O ativismo judicial se faz presente no Brasil. O que foi a prisão do Daniel Silveira? Ele falou muitas coisas que eu condeno, mas não é um ministro que resolve abrir um inquérito, resolve investigar e resolve punir o cara”, disse, em referência ao ministro Alexandre de Moraes, que ordenou a prisão de Silveira e é um dos principais alvos de Bolsonaro no Judiciário.

Plebiscitos

Para atacar as urnas eletrônicas, agora de forma indireta, Bolsonaro ainda falou que o País poderia ter mais plebiscitos se tivesse “sistema confiável de votação”. “Em 2005, fizemos referendo das armas. O governo era outro, e ele fez exatamente o contrário. Jogou mais pesado na campanha de desarmamento, dizendo que aquilo ia ajudar a diminuir a violência no Brasil”, mais uma vez em defesa do armamento da população.

‘Não estou com medo de perder a eleição’

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Ao levantar mais uma vez suspeitas contra o sistema eleitoral, Bolsonaro disse não ter medo de perder o pleito de outubro e negou que articule um golpe. “Não estou com medo de perder a eleição. Se eu quisesse dar golpe, eu não falaria nada, deixa correr, no último dia dá golpe. Ou você fala que vai dar golpe agora? Por que essa acusação de golpista contra mim?”, afirmou. “Não estou com medo de perder a eleição numa democracia. Eu tenho medo de perder a democracia numa eleição”, frisou ainda, ao reclamar de ter fama de golpista no interior.

Bolsonaro repetiu questionamentos sobre as urnas eletrônicas, sem apresentar provas, e voltou a dizer que quer eleições transparentes. O chefe do Executivo ainda acusou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, de mentirem sobre o sigilo de um inquérito da Polícia Federal que investiga suposta fraude nas eleições de 2018. O presidente é investigado no STF por vazar informações sobre a investigação.

“Eu me reuni com os embaixadores para mostrar o inquérito de 2018, que não tem qualquer classificação sigilosa. Mente Barroso e mente Fachin quando diz isso”, acusou. Bolsonaro disse também ser possível negociar mudanças no sistema eleitoral. “A gente não pode concluir uma eleição sob o mantra da desconfiança, de um lado e do outro”, argumentou.

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Lula e Alckmin

Na entrevista, o presidente ainda fez imitação de discursos do ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB) em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e comparou a aliança entre os dois a uma junção entre os criminosos Marcola e Fernandinho Beira-Mar. “Lula, Lula, Lula (fala imitando Alckmin)! Estou com vergonha. É Marcola e Beira-Mar se unindo para combater narcotráfico”, disse.

Bolsonaro também declarou que vai tentar arrecadar dinheiro para fazer vídeos de campanha e que seu partido, o PL, “tem tudo” para manter o número atual de parlamentares. Ele, no entanto, se eximiu da responsabilidade sobre o orçamento secreto. “Não tenho nada a ver com orçamento secreto, sou obrigado a executar.”

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