O Brasil e a Venezuela foram eleitos nesta quinta-feira, 17, para compor o Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas nos anos de 2020-2022. Os dois países foram escolhidos em votação realizada na Assembleia-Geral. Enquanto o Brasil teve apoio de 153 países e obteve a reeleição, a Venezuela foi respaldada por 105 nações e vai substituir Cuba.
Os dois países são os representantes da América Latina. O governo de Costa Rica tentou conquistar um dos assentos, mas obteve apenas 96 votos e ficou de fora. O objetivo do país caribenho era vetar a entrada da Venezuela.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU foi criado em 2006 e escolhe seus 47 membros em votações nas quais participam os 193 países que compõem a Assembleia-Geral. O País já foi eleito para o grupo em 2006, 2008, 2012 e 2016.
Em entrevista à ONU News, o embaixador do Brasil na Organização, Mauro Vieira, afirmou que a reeleição mostra o "legado" do País na defesa dos direitos humanos. "O número elevado de apoios representa o papel que o Brasil tem, a imagem que tem nessa instituição e, sobretudo, o legado para a defesa dos direitos humanos", afirmou.
'O Artigo 4º da Constituição Brasileira defende a aplicação dos direitos humanos como um dos princípios orientadores da política externa. Esse reconhecimento internacional é muito importante e mostra que temos mantido as boas práticas nessa área'.
Mauro Vieira, embaixador do Brasil na ONU
Outros 12 países foram eleitos nesta quinta: Alemanha, Polônia, Holanda, Armênia, Sudão, Namíbia, Líbia, Mauritânia, Japão, Indonésia, Coreia do Sul e Ilhas Marshall.
Contexto
A vaga pleiteada pelo Brasil estava praticamente certa até o último dia 3, quando Carlos Alvarado Quesada, presidente da Costa Rica, colocou sua candidatura, como forma de impedir que a Venezuela assumisse um posto no conselho. Apesar da intenção oficial de barrar o governo de Nicolás Maduro, o movimento foi encarado como uma ameaça também à vaga brasileira, cuja relação com outros países-membros da organização tem se desgastado nos últimos meses.
Além da candidatura repentina da Costa Rica, havia ainda preocupação com os "desconfortos" diplomáticos protagonizados por Jair Bolsonaro, como as críticas a Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile e comissária para Direitos Humanos da ONU. Ainda na campanha eleitoral de 2018, Bolsonaro afirmou que pretendia retirar o Brasil da ONU caso fosse eleito. Mais tarde, ele se retratou, esclarecendo que se referia apenas ao Conselho de Direitos Humanos, para o qual concorreu. / COLABOROU JOÃO KER