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Campanha de Bolsonaro denuncia falhas na veiculação de propaganda em MG, mas não detalha rádios

Equipe do candidato à reeleição apresenta novo documento alegando desequilíbrio na exibição de propaganda no segundo turno; emissoras dizem que só deixaram de exibir comerciais quando campanha não enviou as peças

Foto do author Vinícius Valfré
Por Vinícius Valfré
Atualização:

BRASÍLIA – A campanha de Jair Bolsonaro (PL) repetiu o roteiro da primeira denúncia de suposto desequilíbrio na propaganda eleitoral e divulgou, nesta quinta-feira, 27, um novo relatório sobre rádios, desta vez de Minas Gerais. O documento diz que foram veiculadas 15,1 mil peças de publicidade a mais do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, em 601 emissoras mineiras. Apesar desta acusação, o comitê do presidente, que concorre a novo mandato, detalhou somente informações sobre quatro rádios, com uma diferença de 141 inserções, peças de propaganda com 30 segundos de duração cada.

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Ao todo, teriam sido 62,3 mil inserções de Bolsonaro contra 77,4 mil de Lula em emissoras mineiras, entre 7 e 14 de outubro. A equipe analisou 24 horas da programação das emissoras em dias distintos (8, 9 e 12 de outubro). No período avaliado, cada candidato deveria ter 100 inserções na programação diária das quatro emissoras. As rádios de Minas contestaram os dados da equipe de Bolsonaro (veja abaixo).

Nesta quarta-feira, 26, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, rejeitou a primeira denúncia apresentada por Bolsonaro, que alegava boicote na propaganda em rádios do Norte e Nordeste. Moraes alegou “inépcia” na acusação e encaminhou o caso ao procurador-geral eleitoral, Augusto Aras, para avaliação de possível “cometimento de crime eleitoral, com a finalidade de tumultuar o segundo turno”. O presidente do TSE também enviou o assunto para análise de “desvio de finalidade” no uso de recursos do fundo partidário, uma vez que a campanha de Bolsonaro contratou uma empresa de auditoria.

Candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro diz que várias rádios não vincularam sua propaganda. Foto: Evaristo Sa / AFP – 26/10/2022

Segundo o novo relatório da equipe de Bolsonaro, as emissoras de Minas exibiram 128 comerciais de Lula e apenas 12 de Bolsonaro. Em uma rádio de Três Corações (MG), programas do petista teriam sido veiculados 37 vezes em 8 de outubro, e não 25, como previsto. Os de Bolsonaro, de acordo com o comitê, não foram divulgados nenhuma vez.

No recorte apresentado pela campanha do candidato à reeleição, as inserções de Bolsonaro não chegaram a 25 em nenhuma das rádios citadas nos dias analisados.

Embora o documento seja referente a Minas, o relatório também menciona uma rádio de Pernambuco. No dia 12, a Olinda FM 105,3 não teria veiculado nenhuma inserção de Bolsonaro, mas cumprido as 25 do candidato do PT.

Das cinco rádios mencionadas no documento divulgado nesta quinta, incluindo a de Pernambuco, a emissora na qual as inserções de Bolsonaro mais apareceram foi a de São Sebastião do Paraíso (MG), com oito reproduções.

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O QUE DIZEM AS RÁDIOS CITADAS

As rádios citadas no novo relatório da campanha de Bolsonaro afirmam que cumpriram a programação e só não veicularam peças quando a equipe do candidato à reeleição deixou de enviá-las.

Rádio Família AM (820), de São Sebastião do Paraíso (MG): “Não foi mandado o material pela coordenação do partido, o PL. Nós fomos ao Cartório Eleitoral pedindo para orientar e eles disseram que era responsabilidade do partido mandar. Não foi só com a nossa rádio, foi com todas aqui da região. A rádio é apartidária e cumpre a legislação”, disse Alessandro Calixto da Silva, diretor administrativo.

Rádio Manhumirim AM (780), de Manhumirim (MG): Os contatos feitos pelo telefone da rádio não foram respondidos.

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Tropical FM (95,70), de Três Corações (MG): A emissora informou que as inserções do candidato Lula chegam via e-mail, mas que as de Bolsonaro chegam com atraso ou não chegam. Segundo a rádio, há casos nos quais o partido liberou o “mapa” das mídias, com a programação, mas não entregou essas peças.

JM FM (95,5), de Uberaba (MG): A emissora foi citada em depoimento à Polícia Federal pelo servidor Alexandre Gomes Machado, exonerado do TSE nesta quarta-feira. Os responsáveis pela rádio também alegam que a equipe de Bolsonaro deixou de encaminhar as peças de propaganda. O novo documento da campanha do presidente diz que a rádio não veiculou 21 peças no dia 9 de outubro. A JM afirma que deixou de exibir 100 programas entre os dias 7 e 10 porque não recebeu os materiais, o que motivou uma consulta ao TSE.

Olinda - FM (105,3), de Olinda (PE): A emissora não quis se manifestar.

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