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Carlos Bolsonaro, Crivella e Waguinho: Republicanos se divide entre aliados e críticos de Lula

Prefeito de Belford Roxo (RJ), Waguinho assumiu o diretório do partido no Rio de Janeiro para acomodar correntes ideológicas distintas e afastar influência da Universal no comando partidário

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RIO – Alçado ao posto de um dos principais articuladores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Rio de Janeiro, o prefeito de Belford Roxo (RJ), Wagner Carneiro, se manteve fiel ao petista durante as negociações para a troca de Daniela Carneiro, sua esposa, no comando do Ministério do Turismo. Agora, Waguinho, como é conhecido na política local, terá um desafio ainda maior após assumir o comando do Republicanos no Rio: acomodar os aliados de Lula e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no partido.

Ligada à igreja Universal do Reino de Deus, a sigla tem feito movimentos em todo o País para se aproximar do governo federal sob a gestão do presidente Lula e afastar a pecha de “partido da igreja”, como relataram lideranças da legenda ao Estadão. No Rio, no entanto, o desafio é agradar nomes de correntes ideológicas distintas, como o vereador Carlos Bolsonaro, o deputado Marcelo Crivella e os parlamentares que devem deixar o União Brasil rumo à sigla, como a filha do ex-deputado Eduardo Cunha, além dos religiosos.

Waguinho ao lado do presidente do Republicanos, Marcos Pereira, na inauguração do diretório do Rio de Janeiro Foto: Divulgação

Considerado um dos entraves para consolidar o Republicanos como o “partido da política”, mais moderado, no Estado, Carlos Bolsonaro, o vereador na Câmara Municipal do Rio, deve deixar a legenda na próxima janela de transferências. O filho “zero dois” de Bolsonaro sinalizou que não pretende concorrer a mais um mandato no Palácio Pedro Ernesto e que deixará a sigla assim que possível. O clima ficou ainda mais insustentável na última semana. Carlos criticou publicamente o presidente nacional do Republicanos, deputado Marcos Pereira, após o parlamentar afirmar que “Bolsonaro está isolado e é de extrema direita”.

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Ao assumir o comando do diretório fluminense, Waguinho encerrou qualquer pretensão do filho do ex-mandatário no partido. Carlos se filiou ao Republicanos em 2020, durante a campanha eleitoral de Crivella, à prefeitura do Rio. Além do “zero dois”, o senador Flávio Bolsonaro e sua mãe, Rogéria Bolsonaro, embarcaram na legenda no mesmo ano.

Crivella foi derrotado, perdeu espaço e frustou os interesses do clã Bolsonaro. O ex-prefeito trava ainda uma batalha jurídica para se manter elegível. A Justiça Eleitoral cassou, em primeira instância, o mandato dele por conta de seu envolvimento no escândalo dos Guardiões do Crivella. Ele foi considerado inelegível por oito anos e recebeu uma multa de R$ 433.290,00. Crivella vai recorrer da decisão.

Deputados a caminho

Enquanto a saída de Carlos já é considerada irreversível, o Republicanos deve receber em breve cinco parlamentares: Danielle Cunha, Chiquinho Brazão, Juninho do Pneu, Marcos Soares e Ricardo Abrão. A ex-ministra Daniela Carneiro pretende seguir o mesmo caminho do marido. Os seis parlamentares entraram com um pedido de desfiliação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o argumento de que sofreram assédio da direção nacional, que teria bloqueado o acesso do diretório estadual ao fundo partidário.

Dani Cunha, em comissão da Câmara dos Deputados. Foto: Divulgação

“A medida imposta pelo presidente Luciano Bivar e seu vice, Antônio Rueda, não passou por consulta à direção nacional, da qual também faz parte o secretário-geral. Cumpre repisar que o arbitrário impede a formação e consolidação das bases do partido no estado, bem como qualquer iniciativa dirigida à preparação para as eleições municipais (2024) e geral (2026)”, dizem os deputados no pedido enviado ao TSE. A expectativa dos deputados é que o caso deve seja analisado na volta do recesso judiciário.

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Eleições municipais de 2024

Waguinho assumiu o comando do partido com vistas às eleições do ano que vem. O prefeito quer eleger ao menos cinco prefeitos na Baixada Fluminense, seu reduto eleitoral. O objetivo é que o Republicanos tenha candidatos competitivos em Belford Roxo, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Mesquita e São João de Meriti.

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