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'Censura é medida fascista', diz escritor

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Por AE
Atualização:

O escritor e jornalista Fernando Jorge, autor do livro "Cale a Boca, Jornalista", que relata a trajetória dos desmandos e agressões contra jornalistas e jornais na história do Brasil, não consegue conter a indignação ao comentar a censura imposta ao Grupo Estado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF). "É uma medida fascista ou nazista, que remete às ditaduras de Benito Mussolini e de Adolf Hitler, inimigas ferozes da democracia e da liberdade", alerta. "Basta ver que uma das medidas de Hitler para controlar a imprensa era censurá-la, sem oferecer chance à defesa."Desde 31 de julho, o Grupo Estado está proibido de publicar qualquer informação referente à Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, que investigou negócios sob responsabilidade do empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). A atual censura, na avaliação de Fernando Jorge, remete a outros dois momentos, que ele descreve em seu livro, da imprensa sob o jugo de ditaduras. "A primeira foi em 1937, quando se instalou o Estado Novo de Getúlio Vargas, em que o Estado foi, injustamente, acusado de conspirar contra o regime, por força de seus ideais democráticos." A segunda foi durante a ditadura militar, quando o então ministro da Justiça, Alfredo Buzaid, divulgou uma cartilha "de moldes fascistas" que pregava a censura à imprensa. "O então diretor do Jornal da Tarde, Ruy Mesquita, hoje diretor de Opinião do Estado, escreveu uma carta que é um verdadeiro primor de coragem, lamentando que o Brasil tivesse se rebaixado à condição de uma republiqueta de bananas por causa da censura", relembrou. A Academia Paulista de Letras (APL), no entanto, aceitou o ministro como um dos seus acadêmicos no mesmo ano em que ele determinou as restrições à imprensa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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