A chegada do ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil) à disputa pelo Senado no Paraná, confirmada por ele nesta terça-feira, 12, abre o cenário eleitoral no Estado e coloca mais um partido no quadro aberto de negociações dos pré-candidatos ao Palácio Iguaçu, como o governador Ratinho Júnior (PSD) e o ex-prefeito de Guarapuava (PR), Cesar Silvestri Filho (PSDB).
As pesquisas eleitorais mostram que o cenário ainda está aberto no Paraná. Moro apareceu à frente no levantamento do Real Time Big Data, de 17 de junho, com 30% a 23% sobre Dias. Já a pesquisa Ipespe divulgada na última semana mostra Dias na dianteira, com 31% das intenções de voto, ante 24% de Moro.
A rejeição do ex-juiz no Estado é quase o dobro da do senador, que atuou como seu padrinho político e trouxe Moro ao Podemos de olho na disputa ao Planalto, no ano passado. O ex-ministro é rejeitado por 31% dos eleitores paranaenses, enquanto 17% dizem não votar no senador de jeito nenhum, segundo levantamento do Ipespe.
“Precisamos de novas ideias e de renovação”, disse no Moro na cerimônia de lançamento de sua pré-candidatura. “O Paraná precisa de vozes fortes no Senado, lideranças que não se omitam e não sumam do cenário político. A minha carreira pública, como juiz e como Ministro, me dá credibilidade e legitimidade para ser esse representante do povo paranaense”, afirmou. Ao Estadão/Broadcast, o senador Alvaro Dias evitou comentar sobre a disputa. “Respeito todos os concorrentes igualmente. São vários. E não falo sobre nenhum deles”, disse.
O União Brasil, que tem Luciano Bivar como candidato próprio à Presidência, não definiu quem irá apoiar para o governo. A sigla ainda mantém aberto o diálogo com o governador Ratinho Júnior, candidato à reeleição e que faz palanque para o presidente Jair Bolsonaro (PL) no Estado. Governistas tomam essa aproximação como inviável, pois acreditam que não haveria espaço para Moro atuar próximo a um aliado do presidente.
Entre as alternativas para o União Brasil está a possibilidade de repetir o acordo feito com o PSDB em São Paulo. Ontem, Moro se reuniu com Cesar Silvestri Filho, pré-candidato tucano ao governo e que, como o ex-juiz, deixou o Podemos este ano.
Se a conversa evoluir para um acerto, Moro pode acabar subindo no palanque com o ex-governador Beto Richa (PSDB), que foi réu da Lava Jato e agora pleiteia um cargo de deputado federal. Nesta semana, o ex-juiz também esteve com o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), para lançar o nome de sua mulher, Rosângela Moro (União Brasil), à Câmara dos Deputados.
Já o espaço na chapa de Ratinho é concorrido. O governador mantém ampla base na Assembleia Legislativa, cujo presidente, Ademar Traiano, também é do PSD. Além disso, Ratinho aparece disparado nas pesquisas para o Palácio Iguaçu - no último levantamento, de junho, tinha 42%, ante 16% de Roberto Requião (PT).
O deputado federal Paulo Martins (PL), do partido de Bolsonaro, o deputado estadual Guto Silva (PP), e Álvaro Dias pleiteiam a vaga ao Senado ao lado do governador. A avaliação é que a eleição ao governo deve repetir a polarização nacional, e o Podemos pode não conseguir espaço para crescer nas pesquisas se lançar candidato próprio - o senador Flavio Arns (Podemos) aparece com 5% das intenções de voto.
Martins aguarda Bolsonaro definir se manterá um palanque duplo no Paraná, já que o deputado federal Filipe Barros (PL-PR) também mantém pré-candidatura ao governo. Guto Silva foi indicado pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP).
Moro
A escolha de Moro pelo Paraná veio após a Justiça Eleitoral barrar a transferência de domicílio eleitoral do ex-juiz a São Paulo. Nascido em Maringá (PR), o partido aposta que o ex-ministro de Bolsonaro consegue puxar votos em Curitiba, cidade em que ganhou projeção por sua atuação na Lava Jato. O ex-juiz chegou a participar de eventos com Dias e a cúpula do Podemos, além de ter marcado presença no lançamento da pré-candidatura do ex-procurador Deltan Dallagnol (Podemos) à Câmara dos Deputados.
Moro, porém, trocou o partido pelo União Brasil no último dia da janela partidária, sem informar Dias e a cúpula do Podemos. Na ocasião, Dias chegou a dizer que a sigla “não foi responsável pela desistência de Sérgio Moro da corrida eleitoral” e que “não se mede a grandeza de um partido pelo fundo eleitoral”./COLABOROU EDERSON HISING, ESPECIAL PARA O ESTADÃO
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