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Chinagia diz ser vítima de ´disputa de baixo nível´ na Câmara

Presidente da Câmara se referiu a Ciro Nogueira, que defendeu aumento de verba de gabinete de R$ 50 mil para R$ 65 mil, mas perdeu na votação da Mesa

Por Agencia Estado
Atualização:

O desgaste político com o fim das votações às segundas-feiras e com o aumento salarial dos parlamentares causou mal-estar e acusações na cúpula da Câmara. O presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse ser vítima de "disputa de baixíssimo nível" por membros da Mesa que queriam reajustar verbas. A insinuação foi para o deputado Ciro Nogueira (PP-PI), segundo secretário, o único a defender na reunião da Mesa de quarta-feira passada o aumento da verba de gabinete de R$ 50 mil para R$ 65 mil. "Cada um que quiser vestir a carapuça... não sou eu que vou nominar", afirmou Chinaglia. A reclamação do presidente da Câmara tem origem na atitude de Nogueira de tentar pressionar pelo aumento da verba. No entendimento de Chinaglia, Nogueira teria espalhado pela Casa que a Mesa estava contra os deputados porque não queria reajustar o recurso que o parlamentar tem para gastar com pagamento de pessoal dos gabinetes. "Diria que a quase totalidade dos que estão hoje na Mesa têm como primeiríssima responsabilidade zelar pela imagem do nosso trabalho, zelar pela imagem da nossa Casa. Entretanto, nem todos têm a mesma atitude", disse Chinaglia no plenário ao deputado José Carlos Aleluia, que o questionava pelo aumento salarial decidido pela Mesa da Câmara. Constrangimento "Vou ser mais claro: nem todos têm a mesma lealdade. Mas, regimentalmente, o autor da proposta tem feito disputa política na Casa e tenta desgastar a Mesa, atribuindo-lhe o fato de não proteger os deputados, numa disputa de baixíssimo nível. Vamos deixar claro", continuou. Nogueira foi o autor da proposta, que foi derrotada por seis a um em votação pelos sete titulares da Mesa. Chinaglia disse que colocou a proposta de aumentar verba em votação porque os demais membros da Mesa estavam sendo constrangidos. "Membros da Mesa vieram me procurar e disseram que era preciso resolver determinadas questões porque estavam sendo vítimas de desgaste por causa da má informação e por alguém querer se colocar de maneira tão diferente aqui", argumentou Chinaglia. "Se os membros da Mesa reclamam que estão sendo abordados (por deputados) é porque tem um trabalho por trás e isso não é obra do Espírito Santo", disse. Na disputa pela presidência da Câmara, Nogueira era um dos principais apoiadores do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Desgaste A amigos, Nogueira contou que vários deputados estão insatisfeitos com Chinaglia porque, quando era candidato ao cargo, ele teria prometido aumento de verbas e de salário e ainda aumento de número de cargos especiais, mas não cumpriu. Depois do discurso de Chinaglia, Nogueira afirmou que não responderia nada de "cabeça quente" e que, até segunda-feira, pensaria o que fazer a respeito. "Podem me acusar de tudo no mundo, menos de que não sou coerente", afirmou o deputado. O assunto chegou ao plenário porque o deputado José Carlos Aleluia havia feito um discurso no início da sessão criticando a discussão pela Mesa de aumentar verbas e do fim das votações às segundas. "A Mesa da Câmara está prestando um grande desserviço à imagem da instituição ao se reunir para discutir aumento de despesa, com o que o povo brasileiro não concorda", discursou Aleluia. E continuou: "Foi um erro dizer que segunda-feira seria feriado. Daqui a pouco vão dizer que quinta-feira é feriado. Nós, democratas, queremos trabalhar todos os dias. Quem estabelece se há trabalho ou não é o presidente da Câmara. A responsabilidade por não haver votação na segunda-feira é do Presidente da Câmara e não nossa". Chinaglia lembrou ao deputado que o fim das votações às segundas foi decidido pelos líderes, inclusive o do DEM (ex-PFL), partido de Aleluia.

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