A base do governo Lula na CPMI do 8 de janeiro enxerga que, após o depoimento do hacker Walter Delgatti Neto, a convocação de Jair Bolsonaro é inevitável. Alguns governistas vão além e avaliam que há apelo, neste momento, para que o relatório final da comissão aponte necessidade de indiciamento do ex-presidente da República.
“O próximo passo é convocar Bolsonaro e, no relatório, indiciar e pedir prisão”, aponta o deputado Rogério Correia (PT-MG), vice-líder do governo na Câmara, à Coluna. Jandira Feghali (PCdoB-RJ), inclusive, já fez a solicitação para a inclusão do pedido de indiciamento no relatório nesta quinta-feira, 17. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito, porém, não tem competência para pedir prisão de investigados, mas apenas sugestão de indiciamento junto ao Ministério Público.
A ideia de convocar Bolsonaro nas próximas semanas é apoiada por colegas nos bastidores. Há discussão, porém, se é mais eficiente convocar antes o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, que também é atingido pelo depoimento. A ideia divide opiniões porque os governistas têm pressa para garantir o constrangimento a Bolsonaro.
Consideram que o presidente da CPMI, Arthur Maia (União-BA), deve encerrar os trabalhos no prazo previsto, em novembro. Eles avaliam que não há vontade entre os pares para que a comissão continue até o próximo ano e, dessa forma, o prazo pode dificultar todas as ações planejadas.
De acordo com um interlocutor da relatora Eliziane Gama (PSD-MA), ouvido sob reserva, a senadora entende que, agora, o momento é de investir nas quebras dos sigilos bancários, telemático e nos Relatórios de Inteligência Financeira (RIF) de Bolsonaro. “O indiciamento dele no relatório é praticamente certo”, conta a fonte.
Depoimento é considerado “bomba” na oposição
O hacker Walter Delgatti Neto afirmou que Bolsonaro ofereceu um indulto para que ele violasse medidas cautelares da Justiça e invadisse o sistema das urnas eletrônicas, como maneira de expor supostas vulnerabilidades e corroborar o discurso golpista contra a eleição.
O depoimento foi considerado uma “bomba” por parlamentares da oposição, ouvidos sob reserva. Como mostrou a Coluna, bolsonaristas ficaram estarrecidos com as denúncias do hacker, mas exigem provas.