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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia, com Eduardo Gayer e Augusto Tenório

Bastidor: Lula vai pagar a conta da trapalhada de Haddad com a Câmara

Líderes partidários queriam nota de repúdio ao ministro; votação do arcabouço foi adiada

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Atualização:

Num momento em que o presidente Lula mede forças com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em meio às tratativas para a reforma ministerial, a crítica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à força dos congressistas empoderou, ainda mais, a ala do Centrão que quer espaço no governo. Resultado: é Lula quem vai pagar a conta pela gafe do ministro.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddade, e presidente Luiz Inácio Lula da Silva - 12.01.2023  Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

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Na reunião do Colégio de Líderes nesta terça, 15, deputados queriam que Arthur Lira soltasse uma nota formal de repúdio às declarações de Haddad, por considerarem que era um ataque à Câmara. Mas Lira freou o movimento e, num só gesto, conseguiu evitar constrangimento maior ao ministro da Fazenda e ainda ficou bem entre os pares, pois já tinha rebatido ele mesmo as falas de Haddad.

Lira havia afirmado nas redes sociais que as declarações de Haddad eram “manifestações enviesadas e descontextualizadas”, que não contribuem para o “processo de diálogo” e a “construção de pontes”.

No Colégio de Líderes, deputados perguntavam o motivo de o ministro ter elevado o tom daquela maneira contra a Câmara. No Planalto, segundo interlocutores, a leitura foi de que houve “excesso de confiança” de Haddad durante a entrevista e que ele não ponderou as consequências políticas das afirmações.

De acordo com os relatos obtidos pela Coluna, na reunião desta terça, o líder do governo, José Guimarães (PT-CE), pediu um voto de confiança no ministro e destacou a boa relação de Haddad com os parlamentares, desde o período da transição. De toda forma, a votação do arcabouço foi adiada novamente e é o presidente Lula quem vai ter de afagar Lira e o Centrão para tentar formar base na Câmara.

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Aliados de Arthur Lira fazem questão de ressaltar, por exemplo, que ele não será cobrado por seus eleitores se votar o arcabouço agora ou só no ano que vem. Mas Lula já pagará a conta imediata de ter de voltar à regra do teto de gastos se não conseguir aprovar o novo texto na Câmara.

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