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Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia. Com Eduardo Barretto e Iander Porcella

Centrão tem maioria da ‘elite’ do Congresso e esquerda perde espaço, aponta estudo

Dos 594 congressistas, 117 se destacam com maior poder de influência, aponta levantamento da consultoria Arko Advice obtido pela Coluna

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Foto do author Roseann Kennedy
Foto do author Vinícius Valfré
Atualização:

Câmara e Senado têm ao todo 594 congressistas, mas apenas uma minoria tem de fato poder de influenciar decisões e grandes debates nacionais. Uma radiografia da atual composição no Legislativo revela que são 117 (75 deputados e 42 senadores) os integrantes da chamada elite do Congresso Nacional, e a maioria deles é do Centrão. A constatação está no estudo Elite Parlamentar 2024, da consultoria Arko Advice, obtido pela Coluna com exclusividade.

O poder do Centrão aparece, por exemplo, no controle que exerce no comando das duas Casas legislativas, com Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-AL), e nas principais comissões temáticas. E também nos sinais de que a sucessão de ambos, em 2025, deve ser restrita a aliados que pertencem ao mesmo bloco, com pré-candidatos de União, PSD, PL e Republicanos.

O plenário da Câmara dos Deputados durante sessão do Congresso nacional realizada em maio.  Foto: Wilton Júnior/Wilton Júnior/Estadão

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Juntos PL (17), PP (13), PSD (12), União (10) e Republicanos (7) têm 59 parlamentares de destaque, somado ao MDB (11) que se identifica como centro e não como Centrão, o número chega a 70. O levantamento inclui na lista os que estão com postos de liderança formal membros da mesa diretora; líderes e vice-líderes dos partidos, blocos e do governo; presidentes de partidos e de comissões, além dos relatores de matérias de grande relevância, como a reforma tributária.

Em direção contrária ao Centrão, os partidos de esquerda estão encolhendo. O PT do presidente Lula tem 15 congressistas na elite parlamentar, mas fica isolado na relação de influentes desse segmento.

“Partidos do Centrão vêm aumentando a participação, e partidos de esquerda vêm perdendo o protagonismo. De 2003 a 2010, a presença era bem mais forte, até porque aliados de esquerda tinham participação muito forte na estrutura das Casas e isso dava a eles posições fortes de lideranças formais”, comentou Cristiano Noronha, vice-presidente da Arko Advice.

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O levantamento não aponta classificação ordinal de quem tem mais e menos poder entre os influentes. Apenas relaciona as lideranças formais, que ocupam posições importantes nas estruturas da Câmara e do Senado, e também as informais. Estas são aquelas decisivas ao andamento dos trabalhos, à elaboração da agenda legislativa e representam interesses de grupos de pressão relevantes: articuladores, especialistas, debatedores, líderes de grupos políticos e setoriais.

Radiografia do Congresso feita pela consultoria Arko Advice mostra a divisão por partidos dos deputados e senadores considerados mais influentes Foto: Reprodução

Entre eles, por exemplo, os congressistas responsáveis pelos projetos importantes em debate, como Baleia Rossi (MDB-SP) e Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), autor e relator da reforma tributária; Aliel Machado (PV-PR), relator do projeto do mercado de créditos de carbono; Bacelar (PV-BA), do marco legal de hidrogênio verde.

Na comparação por Estados, São Paulo (17) e Rio de Janeiro (11) são as unidades da federação com maior número de lideranças. Mas é a Região Nordeste que concentra a maior parte delas, com 42 representantes.

“No Nordeste há muitos Estados e vários ex-governadores e ex-parlamentares se candidatam aos cargos, e quando chegam no Congresso têm uma projeção forte. TEo fato de o PSDB ter perdido espaço no Sudeste afeta o resultado dessa região”, comentou Noronha.

Distribuição dos 117 deputados e senadores considerados mais influentes, segundo estudo da consultoria Arko Advice Foto: Reprodução

Em outro reflexo das características sociais do País, a participação feminina no grupo de elite ainda é muito baixa. São 104 homens e apenas 13 mulheres, segundo o estudo. Cristiano Noronha destaca que, apesar do ligeiro aumento da presença feminina em cargos eletivos nos últimos anos, a participação ainda não se converte em influência.

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“Mesmo quando eleitas, elas têm certa dificuldade para ocupar espaços, participar da Mesa, presidir comissões relevantes, assumir relatorias de temas de destaque. E isso acaba refletindo nessa composição da elite parlamentar”, frisou.

Os líderes formais, segundo o levantamento:

Os líderes informais, segundo o levantamento:

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