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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia, com Eduardo Gayer e Augusto Tenório

CPMI do 8/1: relatório aponta omissão de Ibaneis, mas não vê dolo do governador do Distrito Federal

Equipe de Eliziane fez ‘ginástica jurídica’ para criticar Ibaneis Rocha por sua atuação no 8 de Janeiro sem indiciá-lo por golpe de Estado

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Foto do author Weslley Galzo
Por Roseann Kennedy e Weslley Galzo

O relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro apresentado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA) nesta terça-feira, 17, enquadrou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), por “extrema negligência” na forma como liderou as forças de segurança locais na resposta à invasão golpista às sedes dos Três Poderes.

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Apesar do discurso duro usado contra o governador, a relatora Eliziane o livrou do indiciamento por “abolição violenta do Estado Democrático de Direito” e “golpe de Estado” numa “ginástica jurídica” que considerou que a sua omissão não foi intencional, ou seja, não houve dolo no cometimento dos crimes.

“Ibaneis Rocha, portanto, tinha pleno conhecimento do risco de atos violentos”, escreveu Eliziane. (O governador) ignorou a situação preocupante que se desvelava no Distrito Federal, mormente com a chegada de inúmeros indivíduos em caravanas, com claro intuito de realizar atos violentos na capital federal”, complementou a relatora.

Ibaneis Rocha, governador do Distrito Federal Foto: WILTON JUNIOR

O argumento jurídico encontrado pela equipe de Eliziane para não indiciar o governador do DF por crimes contra a ordem democrática foi de que não há previsão legal no Código Penal para o enquadramento de suspeitos quando as suas ações ocorrerem na “modalidade culposa (sem intenção)”. “Fica impossibilitada sua responsabilização penal pelas referidas condutas (golpe de estado e abolição do Estado Democrático de Direito), argumentou Eliziane”.

Apesar de livrar Ibaneis, a relatora usou o documentou para mandar diversos recados, como, por exemplo, ao afirmar que ele “demorou a solicitar o apoio da Força Nacional, ato que era de sua atribuição exclusiva”. Ao fazer essa menção, Eliziane sustentou o argumento apresentado pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, sobre os motivos de não ter ordenado que as tropas subordinadas ao governo federal agissem para dissuadir os invasores no dia 8 de Janeiro. Com isso, a relatora transferiu a responsabilidade pelo ocorrido a Ibaneis e às forças policiais do DF.

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Nesse mesmo sentido, Eliziane ainda afirmou que Ibaneis “não tomou medidas adequadas mesmo após ser formalmente alertado por ofício do Ministério da Justiça, que apresentava anexo com conteúdo preocupante para a segurança pública do DF”.

O relatório ainda apresentou um parágrafo de desaprovação da conduta do governador por ter nomeado o ex-ministro da Justiça Anderson Torres para assumir a Secretaria de Segurança Pública do DF. Eliziane escreveu que Ibaneis nomeou para o cargo um “indivíduo que já havia demonstrado ser incapaz de responder à altura em relação aos atos que haviam ocorrido no dia 12 de dezembro de 2022, em frente à sede da Polícia Federal, instituição que era subordinada à pasta que ocupava”.

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