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Entidades religiosas tentam barrar PEC do Marco Temporal no Senado

Texto deve ser votado na Comissão de Constituição e Justiça da Casa até outubro; carta aos senadores diz que pode haver genocídio de indígenas

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Foto do author Eduardo Gayer

Uma coalizão de dez entidades religiosas se movimenta para tentar barrar a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Marco Temporal no Senado. A discussão da matéria estava na pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa da última quarta-feira, 10, mas foi adiada após a pressão do governo Lula e do Supremo Tribunal Federal (STF).

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A tese do marco temporal diz que um território indígena só pode ser demarcado se houver comprovação de que a comunidade estava no local em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição. O STF já considerou o entendimento inconstitucional. Agora, os parlamentares tentam mudar a Constituição para fazer valer a tese.

Em uma carta aberta encaminhada aos senadores da CCJ, as organizações religiosas afirmam que a PEC seria uma injustiça histórica com os povos indígenas. “Limitar o direito dos povos indígenas ao reconhecimento de suas terras secularmente ocupadas é ferir de morte nossa Constituição e permitir que os casos de genocídios e etnocídios verificados no passado tenham espaço em nossa sociedade atual”, diz o texto.

Na última quarta-feira, o presidente da CCJ do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), adiou a votação da PEC do marco temporal após um apelo do líder do governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA). Alcolumbre garantiu, porém, que o texto precisará ser votado até outubro.

O presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), com o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). Foto: Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Semanas antes, Gilmar Mendes decidiu reunir representantes da União, Estados, municípios e entidades indígenas para buscar um consenso sobre a pauta. Para convencer a oposição, o Wagner disse que o tema está sem resolução há décadas e não seria uma simples discussão que visa acirrar a relação com o STF que resolveria o impasse.

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A PEC nasceu como mais uma linha de enfrentamento ao STF, já que o Congresso e a Corte divergem no entendimento sobre o tema.

São signatários da carta:

  • Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC),
  • Aliança Cristã Evangélica Brasileira (ACEB)
  • Iniciativa das Religiões Unidas (IRI)
  • Movimento Laudato Si
  • Movimento Evangélico Contra o Marco Temporal
  • Movimento Negro Evangélico
  • Iniciativa Inter-religiosa Pelas Florestas Tropicais (IRI)
  • Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM)
  • VisãoMundial
  • Religiões Pela Paz Brasil
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