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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia, com Eduardo Gayer e Augusto Tenório

Lula quer encontrar Marta ainda em dezembro para negociar volta ao PT e vice de Boulos

A equação, no entanto, é delicada porque Marta é secretária de Assuntos de Ricardo Nunes (MDB); veja bastidores

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Foto do author Eduardo Gayer
Foto do author Vera Rosa
Por Eduardo Gayer e Vera Rosa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou a aliados que deseja se encontrar com a ex-senadora Marta Suplicy ainda neste mês, na semana entre o Natal e o Ano Novo, quando estiver em São Paulo para o período das festas. Lula pretende convidar a antiga aliada não apenas para retornar ao PT, mas para uma missão que pode mudar o jogo político de 2024: quer que ela seja candidata a vice-prefeita na chapa de Guilherme Boulos (PSOL).

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Pela primeira vez, o PT não terá concorrente próprio na eleição para a Prefeitura de São Paulo e vai apoiar Boulos, até agora o nome mais forte na disputa contra o prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato a novo mandato. A equação é difícil porque Marta, hoje sem partido, é secretária municipal de Relações Internacionais.

Prefeita de São Paulo pelo PT, de 2001 a 2004, ministra nos governos de Lula e Dilma Rousseff e senadora, Marta deixou as fileiras petistas em abril de 2015, alegando ter sido “isolada e estigmatizada” no partido ao qual foi filiada durante 35 anos.

Na carta em que justificou sua saída, a então senadora escreveu ser de “conhecimento público” que o PT era “protagonista “de um dos maiores escândalos de corrupção que a nação brasileira já experimentou”. Em 2016, ela votou a favor do impeachment de Dilma. Naquele ano, ela concorreu à Prefeitura pelo MDB, sem sucesso. Depois, teve uma rápida passagem pelo Solidariedade.

Registro do encontro, em 2022, entre o presidente Lula e a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy. Participaram da reunião o coordenador do Prerrogativas (à esq.) e Fernando Haddad, à época candidato a governador de São Paulo e hoje ministro da Fazenda.  Foto: Reprodução

“O nome de Marta é interessante. Temos carinho por ela, que tem uma história de respeito na nossa capital. Mas a questão da vice vamos tratar apenas em 2024″, afirmou à Coluna o deputado Kiko Celeguim, presidente do PT de São Paulo. Procurada, a secretária de Relações Internacionais não se manifestou.

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Chefe da Secretaria de Governo na gestão de Marta, o deputado Rui Falcão e o advogado Marco Aurélio Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas, trabalham nessa reaproximação. Há no PT a percepção de que a ex-senadora agregaria votos para Boulos, principalmente na periferia da capital, por ainda ter seu nome associado à criação do Bilhete Único e do CEU (Centro Educacional Unificado).

Marta anunciou voto em Lula no ano passado

Além disso, petistas lembram que Marta anunciou voto em Lula em 2022 e cedeu sua casa para o almoço que selou o apoio de Simone Tebet (MDB) ao então candidato do PT, no segundo turno das eleições. Hoje, Simone é ministra do Planejamento.

A Coluna apurou que Lula argumentará com Marta que ela não pode estar na mesma trincheira do ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições municipais. Atualmente, a tendência é que o PL de Bolsonaro indique o vice de Ricardo Nunes. Em agosto, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, chegou a dizer que Marta seria “uma escolha muito boa” para fazer dobradinha com Nunes, em 2024.

A ideia, porém, nunca foi adiante. Em 2021, a ex-senadora chegou a chamar Bolsonaro de “psicopata”. Articuladores da campanha de Nunes acham melhor ter algum nome ligado ao ex-presidente na chapa, mas não tão radical, para fazer o embate entre centro-direita e esquerda.

Outra opção para a vice de Boulos é a professora Ana Estela Haddad, secretária de Saúde Digital do Ministério da Saúde. Até agora, porém, Ana Estela – que é casada com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad – resiste à empreitada. Tanto Lula como Boulos afirmam, nos bastidores, que o PT precisa indicar uma mulher para vice.

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