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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia, com Eduardo Gayer e Augusto Tenório

Mercadante nega retrocesso em política naval e diz que críticas são ‘neoliberalismo anacrônico’

Na primeira era petista, o BNDES investiu bilhões de dólares em novos estaleiros que terminaram em recuperação judicial. Para o presidente do banco, é preciso ‘aprender com os erros do passado’

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Por Eduardo Gayer
Atualização:

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirmou que parte das críticas aos estímulos anunciados à indústria naval brasileira vêm de um “neoliberalismo anacrônico”, que não teria acompanhado a mudança da economia global. Em entrevista à Coluna do Estadão, o ex-senador negou taxativamente a volta de um BNDES do passado, padrinho de políticas pouco efetivas no setor marítimo ao longo dos primeiros governos do PT.

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Na primeira era petista, o BNDES investiu bilhões de dólares em novos estaleiros que terminaram em recuperação judicial. Para Aloizio Mercadante, porém, é preciso “ver o que o mundo está fazendo de melhor” e “aprender com os erros do passado”.

Ele garantiu que o banco vai “cortar na carne” para financiar os projetos, com a redução de spreads (a diferença entre custo da captação e do empréstimo), sem depender de aportes do Tesouro Nacional.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. Foto: Marcelo Camargo/Agencia Brasil

“O que nós anunciamos é redução de spread. Não tem subsídio nenhum, não tem recurso do Tesouro, e não estamos reduzindo a taxa do Fundo da Marinha Mercante. Estamos cortando na carne para estimular investimento e dizer: precisamos de bons projetos. Vamos reduzir o spread para ativar o setor”, afirmou o presidente do BNDES, numa vacina ao “trauma” do mercado financeiro.

Para Mercadante, o cenário global hoje é outro, com Estados Unidos, União Europeia e China investindo na reindustrialização, e na casa dos trilhões. O petista lembra que a Organização Marítima Internacional passará a multar navios movidos a combustíveis fósseis a partir de 2030, tornando imperativa a renovação da frota.

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Nas contas do dirigente, a soja brasileira, por exemplo, pode ficar de 15% a 30% mais cara para exportação, perdendo competividade no exterior, se as embarcações forem sobretaxadas.

O presidente Lula e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, ex-senador pelo PT de São Paulo. Foto: PEDRO KIRILOS / ESTADÃO

“Temos um cenário desafiador e totalmente novo, porque a produção de motores com energia renovável é uma pauta nova. Precisamos ter a ambição de disputar o mercado, e vai ser fundamental ter uma frota com combustível renovável”, afirmou o petista, que coordenou o programa de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2023.

“Há uma disputa na reorganização das cadeias de valores. Precisamos ter a ambição de disputá-la. Como temos matriz energética limpa e temos uma grande liderança em etanol, biocombustíveis, o Brasil pode sair na frente.”, concluiu.

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