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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia, com Eduardo Gayer e Augusto Tenório

Vice-líderes do governo reclamam de relação com Planalto mas vão ajudar a desarmar pauta-bomba

Em jantar com ministros Alexandre Padilha e Rui Costa, foram escolhidos oradores para o embate em plenário e também uma espécie de fiscal de comissão; o grupo pediu mais diálogo e disse não querer ser apenas ‘tarefeiro’

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Por Roseann Kennedy e Augusto Tenório
Atualização:

Com medo de sofrer novas derrotas no Congresso, o governo Lula colocou seus vice-líderes na “trincheira” da Câmara dos Deputados. Em jantar na noite desta segunda-feira, 22, com os ministros das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e da Casa Civil, Rui Costa, o grupo recebeu missões para ajudar o Planalto a desarmar a pauta-bomba. Os deputados prometeram cumprir as tarefas designadas, mas também reclamaram do tratamento que têm recebido. Eles ressaltaram que não querem ser apenas “tarefeiros”, cobraram mais diálogo e pediram reunião com o presidente da República.

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Como mostrou a Coluna do Estadão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que seus articuladores políticos fizessem uma força-tarefa com os vice-líderes para melhorar a ponte com o Centrão e evitar novas derrotas em plenário. Ficou decidido que dez deles serão oradores em plenário para defender a pauta governista. Além disso, cada um dos 18 vice-líderes atuais ficará responsável por monitorar os trabalhos nas comissões da Casa, para evitar surpresas da oposição.

Segundo relatos feitos à Coluna, todos os vice-líderes falaram no encontro. Um deles reclamou que o grupo fica na linha de frente, mas não recebe nada em troca. Outro avaliou que, muitas vezes, o governo trata melhor a oposição que seus vice-líderes. Eles pediram reuniões quinzenais com os ministros palacianos, além do encontro com Lula.


Presidente Luiz Inácio Lula da Silva  Foto: Wilton Júnior/Estadão

José Guimarães diz que vice-líderes terão protagonismo

O jantar foi na casa do deputado Emanuel Pinheiro Neto (MDB-MT), um dos vice-líderes na Câmara. O líder do governo na Casa, José Guimarães (PT-CE), foi quem articulou as conversas e fiz o discurso de abertura defendendo a importância dos vice-líderes. Ele defendeu o funcionamento do colégio de vice-líderes e diálogo permanente com o Planalto.

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“Eles não podem ser só tarefeiros. Eles também são protagonistas. Vamos organizar o time. O presidente Lula vai recebê-los, não temos a data ainda, mas esse encontro ocorrerá”, disse José Guimarães à Coluna do Estadão. Entre as negociações, ficou combinado que para ter maior visibilidade e participação na pauta, os vice-líderes serão indicados a relatorias de projetos.

Líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE) Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Padilha e Costa dizem que Lula 3 é melhor que anteriores

A despeito da baixa popularidade e das críticas sofridas pelo governo, Rui Costa e Alexandre Padilha entoaram praticamente um mantra, afirmando que Lula 3 é a melhor das gestões do petista. Também tentaram convencer a base de que os problemas enfrentados são apenas por falhas na comunicação do governo.

O Planalto tem uma série de pautas importantes na Câmara. Nesta terça, há expectativa de votação do projeto que acaba gradativamente com o Perse - Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos. Na quarta, 24, o Ministério da Fazenda deve enviar um dos projetos de lei complementar para regulamentar a reforma tributária.

Além disso, tem sessão do Congresso marcada para esta quarta, para analisar vetos presidenciais. O temor da equipe econômica é que deputados e senadores derrubem o veto de Lula aos R$ 5,6 bilhões em emendas de comissão e ao calendário para liberação de emendas impositivas (individuais e de bancada estadual).

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