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Comissão acredita que Jader caiu em contradição

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Por Agencia Estado
Atualização:

A subcomissão encarregada de investigar o presidente licenciado do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), concluiu que já tem como apontar contradições do senador paraense. A tática é ouvir Jader o mais rapidamente, se possível ainda esta semana, fazer-lhe perguntas a respeito de tudo o que tem abordado em seus discursos e confrontar as declarações com documentos que o próprio parlamentar tem divulgado. O coordenador dos trabalhos da subcomissão, Romeu Tuma (PFL-SP), acha que o fato de Jader ter dito a todo o País que não deve nada a ninguém e que as acusações são todas falsas poderia fundamentar o pedido de abertura de processo por quebra de decoro. "Em tese, já há indícios de quebra de decoro", disse. Como o julgamento é político, estes processos geralmente nascem a partir da descoberta de mentiras por parte do senador investigado. E o que os senadores examinam é justamente se Jader mentiu. Segundo Tuma, o trabalho da subcomissão consistirá também no exame detalhado da nota técnica da 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público, que detalhou a rota do dinheiro desviado do banco estadual. "Se nós encontrarmos fatos que indiquem que Jader recebeu benefícios do Banpará, a subcomissão vai pedir ao Conselho que abra processo contra Jader", declarou Tuma. Jader tem insistido que a 5ª Câmara não pode ter levantado novas acusações, porque o processo do Banpará estaria prescrito. Na estratégia de manter silêncio sobre o que já descobriram, os senadores do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar acham que, no depoimento de Jader, conseguirão evitar que ele perceba os detalhes das investigações e retifique discursos e documentos passados. Para tanto, a subcomissão contará com o apoio do procurador do Banco Central Abrahão Patruni Júnior, autor de um relatório que aponta as ligações de Jader com o desvio de recursos do Banpará. Patruni, que pode ser ouvido hoje ou amanhã pela subcomissão, tem prestado assessoria informal aos senadores do Conselho de Ética. A subcomissão do Conselho de Ética começou a examinar ontem os relatórios referentes a auditorias, inspeções e fiscalizações do Banco Central no Banpará, para apurar o desvio de recursos de 1984 a 1987 - época em que Jader era governador do Pará. São documentos sigilosos que só chegaram ao Senado na sexta-feira. Com todo cuidado, o presidente em exercício do Senado, Edison Lobão (PFL-MA), trancou a papelada num cofre e mandou dizer aos senadores que estava à disposição de quem a requisitasse. Mas nenhum senador quis assumir a responsabilidade de pôr a mão nos documentos, com medo de que vazassem e fosse, então, acusado de quebrar o sigilo bancário de Jader, o que poderia ajudar na defesa do senador. Acompanhados por cinco seguranças da Casa, Tuma, o presidente em exercício do conselho, Geraldo Althoff (PFL-SC), e o senador Jefferson Peres (PDT-AM), retiraram os documentos do cofre da secretaria-geral e os guardaram em outra caixa-forte do Serviço de Processamento de Dados do Senado (Prodasen).

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