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Congresso do PSOL tem briga e socos e elege grupo de Boulos para comandar o partido

Historiadora Paula Coradi vai comandar a sigla até 2026; direção lamenta episódio entre militantes

Foto do author Pedro Augusto Figueiredo
Foto do author Julia Affonso
Por Pedro Augusto Figueiredo e Julia Affonso
Atualização:

O grupo político liderado pelo deputado federal e pré-candidato a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL-SP), saiu vitorioso do 8º Congresso Nacional do PSOL, encerrado neste domingo, 1º, em Brasília, ao conseguir eleger a historiadora Paula Coradi como presidente do partido com 67,1% dos votos. Ela vai comandar a legenda até 2026. O encontro foi marcado pela tensão entre as diferentes correntes partidárias e teve que ser interrompido após uma briga entre militantes que descambou para a troca de socos.

Assim como Boulos, Coradi pertence à corrente Primavera Socialista, ala do partido que defende aproximação maior com o PT e com o governo Lula (PT). Já a corrente Movimento Esquerda Socialista, integrada pelas deputadas Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Fernanda Melchionna (PSOL-RS), foi derrotada. Essa ala entende que o PSOL precisa adotar postura de independência em relação a Lula.

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“Eleger Guilherme Boulos a prefeito de São Paulo vai ser uma das grandes tarefas e desafios que o PSOL vai se empenhar e vai fazer de tudo para produzir essa vitória política que, além de ser uma vitória enorme do PSOL, vai ser uma vitória enorme para toda a esquerda brasileira”, disse Coradi em entrevista à TV PSOL logo após o fim do Congresso. Ela também afirmou que o partido planeja reeleger Edmilson Rodrigues, prefeito de Belém (PA), e que tem “muito boas possibilidades” com os deputados federais Tarcísio Motta, pré-candidato no Rio de Janeiro, e Talíria Perrone, pré-candidata a prefeita de Niterói (RJ).

A pré-campanha de Boulos foi alvo de críticas internas de parte do PSOL ao anunciar que terá como marqueteiro Lula Guimarães, nome responsável pelas campanhas eleitorais de João Doria e Geraldo Alckmin em 2016 e 2018, respectivamente. Enquanto isso, o PT confirmou apoio à candidatura do psolista à Prefeitura de São Paulo em 2024, em cumprimento ao acordo firmado para que ele desistisse de se candidatar ao governo do Estado na última eleição e apoiasse o hoje ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP).

A historiadora Paula Coradi vai comandar o PSOL até 2026 Foto: Tuane Fernandes/PSOL

Capixaba de Vila Velha (ES) e professora licenciada da rede estadual de ensino do Espírito Santo, Coradi vai substituir Juliano Medeiros, que presidiu o PSOL entre 2017 e 2023. Em nota divulgada à imprensa ainda na condição de presidente, Medeiros disse que a direção do PSOL lamenta o desentendimento ocorrido entre dois militantes durante o evento. “O caso está sob apuração das instâncias responsáveis. O incidente não alterou o curso do encontro que se encerrou elegendo a nova direção e aprovando todas as resoluções previstas”, declarou.

Disputa interna cheia de tensões

O PSOL esteve reunido no congresso desde sexta-feira, 29, até este domingo, em um centro de convenções, em Brasília. O Estadão apurou que a briga chegou a paralisar as discussões internas do partido. Depois que os “ânimos” se acalmaram, o partido voltou a trabalhar.

Durante a convenção do PSOL, o partido fez votações para decidir quais grupos comandariam cada área da sigla. Aliados do atual presidente Juliano Medeiros conseguiram se manter na presidência. O grupo de Boulos conseguiu chefiar o setor de finanças.

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O terceiro item de discussão era quem lideraria a Fundação Lauro Campos. O posto é estratégico, pois trata da sede do partido, recebe recursos e lida com contratos. Tem ainda o peso político da “formulação programática” da agremiação.

Integrantes do partidos relataram ao Estadão que durante as discussões, aliados de Boulos propuseram dividir os setores da fundação entre as diferentes correntes do partido. Como a ideia não foi aceita, alguns militantes se exaltaram e um deles deu um soco em outro colega.

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