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Conib pede que Genoino seja investigado por racismo após fala sobre boicote a ‘empresas de judeus’

Entidade também quer que o petista seja impedido pela Justiça de realizar novos comentários considerados racistas

Foto do author Pedro Augusto Figueiredo
Por Pedro Augusto Figueiredo
Atualização:

A Confederação Israelita do Brasil pediu nesta terça-feira, 23, a abertura de inquérito policial contra o ex-presidente do PT, José Genoino (PT-SP), que disse achar “interessante” a ideia de boicotar “empresas de judeus” ou que estejam vinculadas a Israel. A declaração do petista ocorreu quando ele comentava assinatura da empresária Luiza Trajano, presidente do Magazine Luiza, em um abaixo-assinado que pedia que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desistisse de apoiar uma ação da África do Sul contra Israel por genocídio em Gaza.

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Além do inquérito, a Conib também quer que a Justiça impeça Genoino de fazer novos comentários que considera racistas. “Esta é uma fala antissemita, e o antissemitismo é crime no Brasil.”, disse a confederação por meio de nota.

“Acho interessante essa ideia da rejeição, essa ideia do boicote por motivos políticos que ferem interesses econômicos. É uma forma interessante. Inclusive tem esse boicote em relação a determinadas empresas de judeus”, disse Genoino, em uma live promovida pelo portal Diário do Centro do Mundo.

José Genoino em live que falou de boicote a empresas ligadas a Israel Foto: Reprodução/Canal DCM TV

Em seguida acrescentou: “Há, por exemplo, boicote a empresas vinculadas ao Estado de Israel. Inclusive, acho que o Brasil deveria cortar as relações comerciais, na área da segurança e na área militar com o Estado de Israel.” Procurado pelo Estadão no domingo, 21, José Genoino não quis se manifestar.

Após a declaração, o deputado estadual Guto Zacarias (União-SP), que pertence ao Movimento Brasil Livre (MBL), apresentou uma notícia-crime ao Ministério Público Federal em São Paulo na qual pede que o petista seja investigado pelo crime de racismo.

“O boicote defendido por Genoino fere a liberdade de crença prevista na Convenção da ONU contra toda forma de discriminação; ademais, priva alguém (empresários judeus) de direitos por motivos de crença religiosa, ferindo a Constituição Federal”, escreveu o parlamentar.

Em uma primeira manifestação, a Conib disse que o boicote a judeus foi uma das primeiras medidas adotadas pelo regime nazista de Adolf Hitler, responsável pelo Holocausto. “A Conib mais uma vez apela às lideranças políticas brasileiras que atuem com moderação e equilíbrio diante do trágico conflito no Oriente Médio pois suas falas extremadas e em desacordo com a tradição da política externa brasileira podem importar as tensões daquela região ao nosso país”, disse a entidade na manifestação.

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Genoino é professor, foi presidente do PT durante o escândalo do mensalão (2003-2005) e também um dos condenados e presos no processo. Ele é irmão do deputado federal José Guimarães (PT-CE), atual líder do Governo Lula na Câmara.

O que é a acusação contra Israel

A África do Sul levou o caso de genocídio à Corte Internacional de Haia. A argumentação é de que falas de autoridades israelenses comprovariam a intenção de cometer genocídio — por exemplo, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, chamou palestinos de “animais humanos”. Israel nega categoricamente a acusação, e cita que a ofensiva sobre a Faixa de Gaza foi uma resposta ao ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro. Além do Brasil, outros países do chamado Sul Global confirmaram apoio à iniciativa sul-africana.

O crime de genocídio implica na adoção de ações intencionais, destinados à destruição, total ou parcial, de um grupo nacional, étnico, racial ou religioso.

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