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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia, com Eduardo Gayer e Augusto Tenório

Embaixador de Israel cobra reação de autoridades brasileiras contra fala de Genoíno

Em entrevista à Coluna do Estadão, Daniel Zonshine diz que declaração do petista é “preocupante e fora da curva”; diplomata pediu reunião com ministro Mauro Vieira

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Por Roseann Kennedy
Atualização:

Apesar de as críticas do PT ao Estado de Israel serem constantes e em tom inflamado, a recente manifestação do ex-presidente do partido José Genoino (PT-SP) subiu a um patamar que assustou o embaixador israelense no Brasil. Em entrevista à Coluna do Estadão, Daniel Zonshine avaliou que a fala do petista foi “preocupante e fora da curva”. Ele cobrou posicionamento das autoridades brasileiras.

“Esperamos uma posição do lado das autoridades contra palavras antissemitas. José Genoíno exagerou. Ele não é integrante do governo, mas faz parte do PT (partido do presidente da República). É importante que alguém do governo se posicione contra essas frases”, afirmou.

No dia 20, numa transmissão ao vivo, Genoino disse achar interessante “a ideia de boicote” a “determinadas empresas de judeus” e a “empresas vinculadas ao estado de Israel”. “Aceitamos críticas contra Israel. Muitas merecemos. Mas pregar boicote contra judeu é demais. Vimos isso no passado e o resultado não era positivo”, ressaltou em referência aos movimentos persecutórios sofridos pelos judeus.

Embaixador de Israel, Daniel Zonshine Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Zonshine quer ampliar diálogo com o governo brasileiro

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O embaixador de Israel disse que solicitou ao Itamaraty uma audiência com o ministro Mauro Vieira. Ele quer ampliar o diálogo com o governo brasileiro e também tratar sobre as medidas que vêm sendo adotadas para a libertação de reféns do Hamas.

Sobre a recente decisão do governo Lula de apoiar a acusação de “genocídio” apresentada contra o Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ), um tribunal das Nações Unidas, num processo movido por iniciativa da África do Sul, disse que é uma acusação improcedente e por falta de conhecimento.

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“Precisamos discutir fora das manchetes, de forma aprofundada”, concluiu.

Genoino nega antissemitismo

Procurado pela Coluna do Estadão, José Genoíno negou ser antissemita e enviou nota em que volta a acusar o Estado de Israel de genocídio e insiste no boicote.

“Em relação ao termo “boicote”, usado por mim, reafirmo que defendo o boicote às empresas que apoiam o governo de Israel na guerra contra o povo palestino”, afirmou.

A nota enviada já havia sido redigida, antes da cobrança do embaixador de Israel. O petista divulgara para rebater as críticas da Confederação Israelita do Brasil (Conib), que também repudiou as frases do petista. “O boicote a judeus foi uma das primeiras medidas adotadas pelo regime nazista contra a comunidade judaica alemã, que culminou no Holocausto”, afirmou a entidade.”

Confira a íntegra da nota

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Apresento meu repúdio à nota da Conib (Confederação Israelita do Brasil) e afirmo que não sou e nunca fui antissemita. Repudio, também, qualquer tipo de preconceito contra o povo judeu e defendo a existência de dois Estados.

Temos a obrigação de denunciar, em todas as oportunidades, o genocídio do governo de Israel contra o povo palestino.

Tenho defendido, incansavelmente, o cessar-fogo, a paz entre os povos e a solidariedade ao povo palestino.

Em relação ao termo “boicote”, usado por mim, reafirmo que defendo o boicote às empresas que apoiam o governo de Israel na guerra contra o povo palestino.

José Genoino (ex-deputado federal)

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