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Contrato da Covaxin ficou um mês sem fiscalização, diz servidora à CPI

Em depoimento, Regina Célia diz que foi nomeada fiscal em 20 de março, mas compra da Covaxin foi acertada em fevereiro

Foto do author Daniel  Weterman
Foto do author Amanda Pupo
Por Daniel Weterman , Amanda Pupo (Broadcast) e
Atualização:

BRASÍLIA - Em depoimento prestado ontem à CPI da Covid, a servidora do Ministério da Saúde Regina Célia Silva Oliveira disse que o contrato da vacina indiana Covaxin ficou quase um mês sem qualquer fiscalização. Regina Célia só foi nomeada fiscal desse contrato em 22 de março, embora a compra de 20 milhões de doses da Covaxin tenha sido fechada em 25 de fevereiro.

O governo decidiu suspender o negócio intermediado pela Precisa Medicamentos em 29 de junho, após o deputado Luis Miranda (DEM-DF) e o irmão dele, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, denunciarem um esquema de corrupção envolvendo a aquisição da vacina. Os dois disseram que levaram o caso ao presidente Jair Bolsonaro, que teria atribuído as irregularidades a um “rolo” do líder do governo no Senado, Ricardo Barros (Progressistas-PR).

A servidora Regina Célia, do Ministério da Saúde, depõe na CPI da Covid Foto: GABRIELA BILO / ESTADÃO

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Apontada pelos irmãos Miranda como a responsável por autorizar a importação da Covaxin, Regina Célia disse não ter visto “nada atípico” no processo de compra do imunizante. A servidora também afirmou que não conhece Barros pessoalmente. “Eu sei quem é porque é uma figura pública, mas não o conheço”, afirmou.

Regina Célia disse à CPI que trabalha no Ministério da Saúde desde o ano 2000, durante a gestão do ex-ministro José Serra e por várias vezes evitou falar sobre o fato de ter sido nomeada para outra função na pasta por Barros, que comandou a Saúde no governo de Michel Temer. Somente depois de pressionada ela admitiu que em duas ocasiões ocupou cargo em comissão quando Barros era ministro, entre 2016 e 2018.

Demitido na semana passada, Roberto Dias – que ocupava a diretoria do Departamento de Logística do Ministério da Saúde – vai depor nesta quarta-feira, 7, à CPI. Dias foi exonerado sob a acusação de que teria cobrado propina em outra negociação de vacina contra covid e também é visto como homem de confiança de Barros.

Senadores observaram várias contradições no depoimento de Regina Célia, além da tentativa de proteger o líder do governo. A servidora foi questionada sobre o fato de ter feito um relatório somente em 23 de junho dizendo que o contrato para compra da Covaxin fora descumprido. “Seu relatório foi feito em junho, depois do escândalo, depois de a Comissão Parlamentar de Inquérito (indicar as irregularidades)”, criticou o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL). “Meu relatório foi feito antes. Só assinei depois porque saí de férias”, disse Regina Célia.

O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), disse que, por omissão, ela deixou pessoas morrerem. “Eu estava aguardando a resposta da empresa ao último ofício enviado acerca da previsão de entrega (das vacinas)”, respondeu a servidora.

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