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Cunha autoriza CPI da estatal na Câmara

Comissão será instalada após carnaval e terá PMDB na presidência ou na relatoria; governo tentará incluir senadores na investigação

Por Daiene Cardoso , Daniel de Carvalho , Debora Bergamasco , Erich Decat , Isadora Peron e Ricardo Della Coletta
Atualização:

Brasília - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), autorizou nessa quinta-feira, 5, a criação da CPI da Petrobrás para investigar denúncias de irregularidades na estatal entre 2005 e 2015. A comissão será instalada depois do carnaval, após os partidos indicarem os 27 integrantes.

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Caberá ao bloco liderado pelo PMDB, mais numeroso e com direito a 11 membros, a escolha do primeiro posto da CPI - no caso, a presidência ou a relatoria. “A contagem das vagas passou a ser pelo bloco. Não tem mais essa história que o PT é a maior bancada”, disse Cunha. “A prerrogativa de escolha é do PMDB, que é o maior partido do bloco. São acordos políticos que o líder do PMDB terá que fazer.”

O bloco liderado pelo PT, o mesmo que disputou a presidência da Câmara contra Cunha, terá oito vagas, e o do PSDB, seis. A vaga restante ficará com o PDT. Caso haja demora na indicação dos membros da CPI pelos partidos, Cunha afirmou que a presidência fará as nomeações. “Indicaremos e depois o partido substitui.”

O DEM, que apoiou a eleição de Cunha, quer um cargo de destaque na CPI. “Se será a presidência ou a relatoria, é algo que vai ter que ser discutido entre os partidos que compõem o bloco”, disse o líder do DEM, Mendonça Filho (PE).

Após decisão de Cunha (PMDB-RJ), partidos deverão indicar nomes para composição da comissão Foto: Wilton Júnior/Estadão

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A aposta do governo é tentar fazer com que a CPI seja mista, isto é, seja formada não só por deputados, mas também por senadores. A avaliação é de que, dessa forma, se reduziria o viés oposicionista que predomina na Câmara. Cientes dessa estratégia, a oposição do Senado, embora tenha anunciado a busca por assinatura para instalar uma CPI mista, tentará fazer com que as investigações sejam feitas apenas por deputados.

Senadores do PSDB acreditam que até a próxima semana terão o número necessário de assinaturas - 27 nomes - , mas a ordem é mantê-las como uma carta na manga, em vez de protocolar o pedido de instalação.

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Logo após Cunha autorizar a criação da comissão, o ministro das Relações Institucionais, Pepe Vargas, disse que as CPIs têm servido “mais para instrumento de disputa política do que efetivamente fazer investigação”.

Distensão. Em meio aos problemas com a base aliada, a presidente Dilma Rousseff promoveu um encontro nessa quinta com a cúpula do Congresso e do PMDB. Por parte do governo, a reunião foi acompanhada pelos ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e Pepe Vargas. Por parte do PMDB, além de Cunha, estavam presentes o vice-presidente Michel Temer, e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Cunha disse ao Estado que se tratou de uma conversa “normal”. “Falamos de vários assuntos do País. Ela foi educada e gentil”, disse.

A ideia do encontro era justamente distensionar o clima existente entre as partes, especialmente após Cunha ter derrotado o candidato do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), na disputa pela presidência da Câmara.

Dilma acertou conversar mais com os presidentes da Câmara e do Senado, em um esforço para melhorar a interlocução do Planalto com o Congresso, deficiência do governo ainda não resolvida. 

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