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O que esperar do debate presidencial na Globo? Veja o que dizem analistas

Lula, Jair Bolsonaro, Ciro Gomes, Simone Tebet, Soraya Thronicke, Felipe d’Avila e Padre Kelmon têm amanhã o último encontro antes do primeiro turno

Por Daniel Vila Nova
Atualização:


Na noite de amanhã, quinta-feira, 29, a Rede Globo reúne os principais candidatos à Presidência do Brasil para o último debate antes do primeiro turno. Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil), Luiz Felipe D’Avila (Novo) e Padre Kelmon (PTB) participam do evento.

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O debate ocorre nos Estúdios Globo no Rio de Janeiro e será transmitido ao vivo pela TV Globo, GloboNews e o site g1, começando às 22h30, logo após a exibição da novela “Pantanal”.

Ao todo, serão quatro blocos - o primeiro e o terceiro contarão com perguntas de tema livre, enquanto o segundo e o quarto terão perguntas com assuntos preestabelecidos. Ao final do quarto bloco, os candidatos farão suas considerações finais.

Lula, Simone Tebet e Jair Bolsonaro no primeiro debate dos candidatos à Presidente promovido na TV Bandeirantes (Band) em parceria com a TV Cultura, UOL e Folha. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O Estadão conversou com especialistas para entender o que se pode esperar do debate. Em geral, a expectativa é que Lula adote tom moderado, no esforço de atrair indecisos e eleitores de voto “não cristalizado”, com foco no “voto útil” para liquidar a disputa no primeiro turno. De qualquer forma, ele não deve deixar de responder de maneira contundente eventuais críticas sobre a corrupção nos governo do PT - foi este o principal problema identificado por sua equipe de campanha durante o primeiro debate do qual participou, na Band TV: falta de assertividade na contraposição com o atual mandatário, especialmente no que diz respeito a escândalos de corrupção. Já Bolsonaro deve partir para o ataque, numa ofensiva contra o ex-presidente justamente sobre as denúncias que levaram o petista à cadeia, na perspectiva de que ele não foi inocentado e, sim, beneficiado por falhas no sistema de Justiça.

De acordo com o agregador de pesquisas eleitorais do Estadão, o petista lidera com 52% dos votos válidos ante 35% do atual presidente.

‘Paz e amor’

Para Humberto Dantas, doutor em Ciência Política pela USP e pesquisador da FAPEG, a liderança nas pesquisas e a possibilidade de vitória já no primeiro turno farão com que Lula adote uma lógica “paz e amor” no debate, buscando atrair o eleitor mediano que vota em Ciro Gomes e Simone Tebet, mas que está aberto a mudar de ideia.

Não é de se esperar, no entanto, que o petista siga a mesma passividade que apresentou no primeiro debate eleitoral, exibido pela TV Bandeirantes em 28 de agosto. “Lula irá com um sorriso no rosto, mas será incisivo quando provocado. Se Bolsonaro chamá-lo de ‘presidiário’, o ex-presidente vai devolver a pancada e falar sobre a corrupção no atual governo”, diz Dantas.

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Há um consenso entre os especialistas - esse será o debate “mais violento” até aqui. Os concorrentes estão diante do “tudo ou nada”, com o fim do horário eleitoral gratuito (também nesta quinta) e as últimas atividades de campanha. Na propaganda no rádio e na TV, o horário eleitoral já demonstra o aumento da agressividade e troca de acusações no lugar de apresentação de propostas.

“Sempre que o presidente puder, ele vai se referir à prisão de Lula e as denúncias contra o PT. Ele tentará mobilizar o sentimento antipetista que o elegeu em 2018″, afirma Glauco Peres da Silva, professor associado do departamento de Ciência Política da USP.

Para o professor, Bolsonaro “necessita” da raiva das pessoas contra o petismo para se eleger. “É o campo de possibilidades que ele tem”, diz.

“O grande problema de Bolsonaro é que ele não sabe ser irônico, jocoso ou malandro. Quando ele vai ao ataque, ele vai com violência. Logo, ele corre o risco de se descontrolar e explodir”, afirma Dantas.

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Apesar de o grande destaque da noite ser o embate entre os dois principais candidatos, os presidenciáveis com menor intenção de voto também buscarão afetar a disputa, se projetando como vozes independentes do próximo governo, seja ele qual for. “Ciro Gomes e Simone Tebet devem buscar uma votação honrosa, se colocando como uma alternativa política viável para o pós-eleição”, diz Peres da Silva.

Além dos prováveis ataques que sofrerá do pedetista, Lula também deve ficar atento às falas de Padre Kelmon. No último debate, organizado pelo Estadão e Rádio Eldorado em parceria com o SBT e um pool de veículos, o petista se recusou a participar, e o candidato do PTB defendeu repetidamente o atual governo, atuando em parceria com Bolsonaro. É bem provável que ele faça o mesmo na Globo.

Mulheres

Bolsonaro tem sido bastante atacado nos debates por Soraya Thronicke e Simone Tebet. “Elas devem eleger o presidente como alvo principal. E, caso ele caia na armadilha de agredi-las verbalmente, isso dificultará ainda mais sua relação com o eleitorado feminino”, afirma Marco Antônio Carvalho Teixeira, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

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Apesar da importância do evento, o cientista político Humberto Dantas não acredita que o debate vá provocar muitas mudanças na votação de domingo. “O eleitor já está muito consolidado em torno desses dois nomes. Por mais que seja o debate mais esperado, a rejeição de Bolsonaro não vai deixar de existir por causa de um único encontro.”

Ele entende que, se Lula for cuidadoso e nenhum dos outros presidenciáveis for brilhante no debate, há uma chance razoável de que o petista ganhe a eleição já no primeiro turno.