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'Defendo o direito de a pessoa ser feliz dentro da lei', diz Ratinho Junior

Derrotado na disputa à prefeitura de Curitiba em 2012, em campanha que se mostrou contrário ao casamento gay, pré-candidato ao governo paranaense pelo PSD afirma ter mudado de opinião sobre o tema

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Por Katna Baran
Atualização:

CURITIBA - Candidato do PSD ao governo do paranaense, o deputado estadual Ratinho Júnior tem uma experiência no Executivo que se resume aos quase quatro anos em que atuou como secretário de Desenvolvimento Urbano na gestão do ex-governador Beto Richa (PSDB). No fim de seu segundo mandato na Assembleia Legislativa do Paraná, o filho do apresentador de TV teve também duas passagens pela Câmara dos Deputados, ajudou a construir o PSC paranaense e, na última eleição estadual, arrastou representantes da ala evangélica para o Legislativo do Estado, com sua com expressiva votação.

Em 2012, saiu derrotado da disputa pela prefeitura de Curitiba, atacado por ter afirmado ser contra o casamento gay durante a campanha. Atualmente, ele diz que não tem preconceito, pois sofre discriminação por ter vindo "de uma linhagem popular".A seguir, os principais trechos da entrevista que concedeu ao Estado:

O deputado estadual Ratinho Júnior (PSD) Foto: Rodrigo Félix Leal

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O sr. diz que não é um herdeiro político, como outros pré-candidatos paranaenses. Mas seu nome não o ajuda? Ajudou o fato do meu pai ser conhecido. Mas o modelo político precisa ser remodelado, porque há uma tradição de cargos quase monárquicos (no Paraná). Como não faço parte da política tradicional, construi um grupo, o que me coloca num posicionamento bem diferente.

O sr. se considera em posição favorável por ser comunicador e vir de uma família de comunicadores? Há prós e contras, senão todo radialista ou comunicador era um político com sucesso. Se fossem só vantagens eu teria sido prefeito, né? Você também chama a atenção dos concorrentes e leva muito tiro por isso.

Como o sr. se posiciona em relação ao atual governo? Tenho me posicionado de maneira crítica a algumas posições do governo, porque entendo que eles acabaram fazendo tudo aquilo que o cidadão não quer: volume de parentes no governo, aumentando secretarias. Por ser deputado (estadual), tenho que me posicionar. E tenho, por obrigação de pré-candidato, apontar ao Paraná o rumo que quero colocar no Estado.

E quais foram os defeitos, na sua opinião, da gestão do Beto Richa? Não se comunicar de uma maneira que a população compreendesse a necessidades de se fazerem reformas. Faltou um pouco de sensibilidade. Ao ponto que houve o enfrentamento (em 29 de abril de 2015, quando mais de 200 pessoas ficaram feridas de um confronto entre servidores e policiais em frente à Assembleia Legislativa, onde se votavam pontos de ajuste fiscal do Estado). 

A sua idade ainda é um dilema? Acredito que não e, pelo contrário, as pessoas querem oxigenação. Primeiro, se idade fosse sinônimo de boa experiência política, não estávamos com esse tanto de gente presa na Lava Jato. Segundo, o mundo tem buscado jovens líderes, como o (Emmanuel) Macron (presidente da França), Justin Trudeau (premiê do Canadá), o primeiro-ministro da Áustria (Sebastian Kurz).

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Na eleição municipal de 2012, o sr. estava em primeiro lugar no começo da campanha, segundo as pesquisas, chegou ao segundo turno, mas acabou perdendo. Há pesquisas que o colocam em primeiro lugar agora também. O que fazer para não cair? São cenários diferentes. Comecei a campanha (de 2012) com 6%, tinha um minuto de televisão, sem aliança ampla nem militância, era contrário a candidatos com máquina de governo. Não tínhamos fôlego. Fui vencido pela máquina do PT. Mas era o momento de quem ganhou. Pude provar minha capacidade, mas usaram minha (pouca) idade contra mim. Isso é uma bobagem. Quem tem preconceito de idade, tem contra negro, homossexual.

Naquela eleição o sr. também foi alvo de críticas por seu posicionamento contra o casamento de homossexuais. Como vê a questão hoje? Era uma maneira dos meus concorrentes tentarem me enfraquecer.

Mas a sua opinião continua a mesma nesse aspecto? Não posso ser preconceituoso com ninguém, até porque sofro por vir de uma linhagem popular, por não ser filho da elite do Paraná. E defendo o direito de a pessoa ser feliz dentro da lei.

Depois de 2012, o sr. voltou ao Paraná como deputado estadual, virou secretário. Isso não pode ser visto como “ele sempre quis ser governador”? Mas nunca omiti isso. Me preparei para ser governador. Ser governador não é um casuísmo, é um planejamento. A política brasileira está falida, se não dermos um choque, vamos continuar nos arrastando.

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