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Dilma deve se encontrar com Lula em SP nesta quinta

Presidente deve se reunir com líder petista em meio a queda de popularidade e as recentes derrotas do governo no Congresso,

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Por Tania Monteiro
Atualização:

Brasília - Na tentativa de quebrar o isolamento a que se impôs e reverter a nova crise política que enfrenta, com sucessivas derrotas no Congresso e mais uma rebelião da base aliada, a presidente Dilma Rousseff acertou um encontro para esta quinta-feira, 12, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A reunião será realizada em São Paulo e, a princípio, será um almoço. Mas o tema está sendo tratado com sigilo no Palácio do Planalto, que quer evitar que aparente, mais uma vez, que Dilma se rendeu a Lula e foi pedir sua bênção. 

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O encontro só seria cancelado se a presidente Dilma piorar da gripe que a incomoda desde o início da semana. Dilma também costuma cancelar compromissos agendados quando eles acabam sendo noticiados pela imprensa.

O governo queria evitar que o encontro vazasse e, para encobri-lo, tentou transferir a agenda com o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, que seria realizada na tarde de sexta-feira, 13, em Brasília, para a quinta, pela manhã, em São Paulo. Assim, quando terminasse a reunião na qual Dilma e Steinmeier tratarão sobre a visita de estado de Angela Merkel ao Brasil em agosto, a presidente sairia para o encontro com Lula, sem que fosse incluído na agenda, como já fez muitas outras vezes. Mas como Steinmeier só chega ao Brasil na sexta-feira, como estava previsto anteriormente, o encontro com o alemão foi mantido para sexta-feira, mas será pela manhã. À tarde, Dilma deve embarcar para a Base Naval de Aratu, na Bahia, onde passará o carnaval com a família.

Presidente Dilma Rousseff conversa com o ex-presidente Lula durante a cerimônia de comemoração do aniversário do PT Foto: Uarlen Valério/AFP

No final da manhã desta quarta, mais um temor se concretizou para aumentar a irritação do Planalto com o novo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) que, desde que assumiu o comando da Casa, tem imposto seguidas derrotas a Dilma. A aprovação, por votação simbólica, para que os ministros de Dilma compareçam regularmente ao Congresso, foi mais um ingrediente ao caldeirão de péssimas notícias para o governo. Na terça Cunha instalou a comissão para discutir a reforma política, tendo à frente um líder da oposição, Rodrigo Maia (DEM-RJ), além do orçamento impositivo, e da ameaça da base de derrubar as MPs 664 e 665, que tratam de alterações nas reformas na previdência e na legislação trabalhista.

Oficialmente, o governo evita tratar todos esses percalços como derrota. O ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Pepe Vargas, disse que a aprovação do orçamento impositivo "não é derrota do governo". "Isso já foi votado em dois turnos na Câmara e o PT não encaminhou contra", justificou ele, acrescentando que "o líder do governo encaminhou favorável à proposta". Sobre a reforma política, Pepe Vargas afirma que "o governo também quer a reforma política e estamos trabalhando por ela".

Mas o ministro não cita, por exemplo, que o pacote das emendas custará ao governo mais R$ 2,4 bilhões. Essa decisão tem impacto nas contas públicas, que o Planalto tenta segurar para garantir o ajuste fiscal tão almejado. Sobre a reforma política, certamente o governo não desejava que o DEM, partido da oposição, conduzisse esse tema. Quanto ao pacote de MPs, com rejeição do Congresso, o governo poderá não alcançar a economia pretendida. Por fim, mais uma derrota política com o convite para visita gradativa dos 39 ministros ao Congresso.

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