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Dilma diz a sindicatos ser contra modelo de terceirização aprovado pela Câmara

Em encontro com dirigentes de centrais, presidente critica a versão do projeto votada pelos deputados e indica que vai vetar o texto se ele passar sem mudanças no Senado; para Renan, ausência da petista na TV no Dia do Trabalho é ‘ridícula’

Por Rafael Moraes Moura e Carla Araujo
Atualização:

Texto atualizado às 22h

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BRASÍLIA - Na véspera do Dia do Trabalho, a presidente Dilma Rousseff se reuniu nesta quinta-feira, 30, no Palácio do Planalto com representantes das principais centrais sindicais do País e criticou o projeto aprovado pela Câmara dos Deputados que regulamenta a terceirização. O governo é contra a terceirização ampla e irrestrita de atividades e Dilma indicou claramente que vai vetar o texto se ele passar sem mudanças no Senado.

A presidente voltou a falar em compromisso com a manutenção de “direitos e garantias dos trabalhadores”. 

“A regulamentação do trabalho terceirizado precisa manter, do nosso ponto de vista, a diferenciação entre atividades-fim (o foco dos negócios de determinada empresa) e atividades-meio (que não têm relação direta com a atividade da empresa) nos mais diversos ramos da atividade econômica”, discursou Dilma, no início da reunião com os sindicalistas. “Isso é necessário para assegurar para o trabalhador a garantia dos direitos conquistados nas negociações salariais e também para proteger a Previdência Social da perda de recursos, garantindo a sua sustentabilidade.”

Auxiliares da presidente já classificaram reservadamente como “desastre para os direitos trabalhistas” a versão aprovada pela Câmara. Na terça-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que “tranquilamente” Dilma vai vetar a proposta. 

Pressionada pelo PT e aliados, ela acabou por decidir tomar uma posição pública às vésperas das manifestações do 1.º de Maio, cujo principal alvo será o projeto de terceirização.

E reunião,presidente defendeu a necessidade de regulamentar a terceirização Foto: André Dusek/Estadão

Segundo o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, o Planalto vai trabalhar na “perspectiva de qualificação” do texto, que tramita agora no Senado. “A presidente é muito clara. Ela entende que é positiva a regulamentação das atividades terceirizadas, (mas) demonstra contrariedade e grande preocupação com a generalização para todas as relações de trabalho desse instrumento, por conta de possíveis perdas de direitos.” 

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Além de Rossetto, participaram da reunião com as centrais outros seis ministros, entre eles Joaquim Levy (Fazenda) e Aloizio Mercadante (Casa Civil). Pelo meio sindical, estavam líderes da CUT, Força Sindical, Contag, CSB, NCST, CTB e UGT. 

Na fala que abriu a reunião, Dilma também destacou que é fundamental “impedir que haja uma desorganização das relações de trabalho com incentivo à chamada pejotização (uma referência ao termo pessoa jurídica), que precariza na prática as atividades e as relações de trabalho”. 

“Estamos acompanhando o debate, que agora está no Senado. O esforço e o compromisso do meu governo é no sentido de que, no final deste processo, tenhamos os direitos e as garantias dos trabalhadores mantidos. E tudo faremos para contribuir para isso, através do princípio do diálogo”, disse a presidente, que pela primeira vez não gravou um pronunciamento em rede nacional de rádio e TV para o Dia do Trabalho. 

Em vez disso, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência deve divulgar hoje nas redes sociais três vídeos de Dilma sobre a data comemorativa. 

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‘Ridículo’. A decisão da presidente de não utilizar o rádio e a TV no Dia do Trabalho provocou nesta quinta mais uma estocada do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Segundo o peemedebista, trata-se de “uma coisa ridícula”. 

“O governo tem que sair da paralisia, da falta de iniciativa. Essa coisa da presidente não poder falar no dia 1.º de Maio porque não tem o que dizer é uma coisa ridícula”, disse Renan. 

De acordo com o peemedebista, a “presidente não vai falar no 1.º de Maio porque não tem o que dizer”. “Por isso eu estou propondo um pacto em defesa do emprego. Assim como nós temos meta de inflação, meta de superávit fiscal, nós precisamos ter meta de emprego.” / COLABOROU ISADORA PERON

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