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Doria diz que saída de Aécio da presidência do PSDB 'não se justifica'

Prefeito disse, ainda, que a candidatura de Bolsonaro deve ter dificuldade de se sustentar até o ano que vem e que uma eventual prisão de Lula seria um 'erro histórico', já que incendiaria o País

Por Marcelo Osakabe
Atualização:

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), disse nesta quarta-feira, 4, entender que a saída do senador Aécio Neves da presidência do PSDB "não se justifica", dada a proximidade da convenção nacional do partido, que deve eleger a nova executiva.

Prefeito João Doria diz que 'não se justifica' saída de Aécio da presidência do PSDB Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

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"Não se justifica agora talvez estabelecer um processo convulsivo na iminência de termos uma eleição pacífica e tranquila", disse. "A eleição já está definida para o começo de dezembro, então defendo seguir esse processo e eleger uma nova executiva do que todo um esforço para condenados o senador Aécio Neves e com isso fragilizar o PSDB."

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Aécio é presidente afastado da sigla desde maio, quando estourou o escândalo da JBS. Nos últimos dias, tem crescido a pressão dentro da legenda para que ele deixe de vez o cargo, ocupado interinamente pelo senador Tasso Jereissati (CE).

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O senador também foi afastado do cargo por decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou seu recolhimento noturno, o que acabou se tornando mais um capítulo na divisão interna do PSDB. Tasso adotou discrição no caso, ao voltar ao Senado depois de viagem ao exterior: não discursou no plenário e pregou que a melhor solução era aguardar o pronunciamento da Corte. 

BOLSONARO

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Doria disse, ainda, que a candidatura do deputado Jair Bolsonaro à Presidência terá muita dificuldade de se sustentar nos primeiros lugares das pesquisas de opinião à medida em que se aproximam as eleições. Para o tucano, a tendência é que Bolsonaro "desidrate" por causa de suas ideias. Na visão de Doria, que postula com o governador Geraldo Alckmin a vaga de candidato à presidência da República pelo PSDB, o lugar de destaque de Bolsonaro nas pesquisas hoje se deve ao fato de ele ainda "estar fora da mídia". "Não quero fazer nenhuma observação negativa em relação a ele, mas a fragilidade de suas ideias tende a desmotivar parte desse público que hoje vota nele".

O prefeito analisou o cenário para 2018 e disse que uma eventual fragmentação de candidaturas de centro deverá favorecer os nomes dos extremos do espectro político, de ambos os lados. No entanto, é mais provável que a esquerda seja mais beneficiada nesse processo.

"O sentimento lulo-petista tem mais chances de cativar parte do eleitorado, principalmente as pessoas mais pobres nas regiões Norte e Nordeste, que tem menor quantidade e informação, de debate e que ainda tem grau de confiabilidade surpreendentemente elevado num personagem como esse, que tem nove indiciamento criminais", lembrou.

LULA

Para o prefeito, a eventual prisão do ex-presidente Lula em plena corrida eleitoral seria um "erro histórico", uma vez que incendiaria o País.

"Mesmo que Lula não seja candidato, ele vai ter um preposto e serão dois a fazer campanha", disse o tucano, que almoçou com empresários franceses e brasileiros na capital paulista. "Se prenderem o Lula, pior ainda, porque ele vai se vitimizar e aí incendeia o País."

"Seria a pior hipótese a Justiça, embora totalmente soberana para decidir, aprisioná-lo em meio ao processo eleitoral. Seria um erro histórico", prosseguiu.

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Doria defendeu também que "a Justiça faça justiça". "Mas tenha sensibilidade também de não emitir uma sentença durante o processo eleitoral". "Creio que para o País seria arriscado ter uma liderança como a do ex-presidente preso. Poderia criar uma conturbação muito grande."

Doria disse ainda que o processo eleitoral já começou de fato. "A meu ver, fazer campanha e seguir até outubro é algo que seria democraticamente aceitável. Se vier a ter alguma sentença, que seja após as eleições."

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