PUBLICIDADE

Eleições 2022: Sete candidatos à sucessão de Bolsonaro ainda não têm vice

Formação de chapa ainda é desafio para maioria dos presidenciáveis; prazo para validação de candidaturas em convenções termina em 5 de agosto

Foto do author Lauriberto Pompeu
Por Lauriberto Pompeu
Atualização:

BRASÍLIA - A menos de um mês para o prazo final de registro das candidaturas, sete presidenciáveis ainda não anunciaram seus candidatos a vice. Dos 12 políticos que vão disputar o Palácio do Planalto, apenas Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Luiz Felipe D’ávila (Novo) e Vera Lúcia (PSTU) já fecharam suas chapas. Os partidos têm até o próximo dia 15 de agosto para apresentar as candidaturas, mas as convenções partidárias que validam os nomes devem ser realizadas até dia 5.

PUBLICIDADE

Pelas regras eleitorais, sem indicar um candidato a vice-presidente, um partido não pode participar da eleição presidencial. Desde 1985, quando começou a redemocratização, três vices já assumiram a Presidência de forma definitiva: José Sarney, Itamar Franco e Michel Temer.

No diagnóstico do analista político Creomar de Souza, da Universidade de Brasília (UnB), a indefinição a essa altura é resultado da polarização da disputa. “A dificuldade em definir vices está vinculada ao fato de que o sistema político se cristalizou em torno de duas variáveis principais: as candidaturas de Lula e Bolsonaro e a corrida por cadeiras no Legislativo”, observou. “As candidaturas de menor tração tornaram-se até aqui pouquíssimo atraentes em termos de construção de coalizão”, completou.

Ciro Gomes

O ex-ministro Ciro Gomes foi oficializado pelo PDT como candidato a presidente na última quarta-feira, mas sem apresentar o vice. Ele disse que busca uma mulher para compor a chapa. O presidente do partido, Carlos Lupi, tem dito que vai esperar até o último momento para atrair partidos para a aliança de Ciro, que aparece em terceiro nas pesquisas de intenção de voto. No entanto, o cenário mais provável é de uma chapa apenas com integrantes do PDT. Suely Vilela (PDT), ex-reitora da Universidade de São Paulo (USP), é uma das cotadas para ser vice.

Ciro Gomes na convenção do PDT no dia 20 de julho. Foto: Joédson Alves/EFE

Já a pré-candidata do MDB a presidente, senadora Simone Tebet, tem o apoio do PSDB e do Cidadania. Há um acordo para que o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) seja o candidato a vice. Os tucanos, no entanto, seguram o anúncio de Tasso como vice porque ainda esperam como contrapartida que o MDB apoie Eduardo Leite (PSDB) para o governo do Rio Grande do Sul. Simone terá sua candidatura confirmada no próximo dia 27 de julho, quando está prevista a convenção do MDB.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) no plenário da Casa em junho de 2022. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Pré-candidato pelo União Brasil, Luciano Bivar não conseguiu o apoio de nenhuma sigla. A solução deve vir do próprio partido: a senadora Soraya Thronicke (União-MS) é o nome mais cotado. Resultado da fusão entre DEM e PSL (ex-sigla do presidente Jair Bolsonaro) e dona do maior fundo eleitoral, a sigla tem dado prioridade às disputas para governador e para a Câmara.

O pré-candidato do União Brasil à Presidência, Luciano Bivar. Foto: Dida Sampaio/Estadão

André Janones (Avante), Pablo Marçal (PROS), Eymael (DC), Leonardo Péricles (UP) e Sofia Manzano (PCB) também ainda não têm vice.

Publicidade

Geraldo Alckmin

Lula foi o primeiro a se movimentar para fechar um acordo para selar o vice. Desde o final de 2021, o petista negociou um acordo para ter o ex-tucano e ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) a seu lado. Na quinta-feira, 21, o PT oficializou a chapa.

Alckmin e Lula em evento de campanha em 12 de julho. Foto: Wilton Junior/Estadão

O ex-governador já disputou duas vezes o Palácio do Planalto, em 2006, quando perdeu para Lula no segundo turno, e em 2018, quando ficou em quarto lugar. Nas duas eleições, fez diversas críticas ao PT, lembrando escândalos de corrupção envolvendo o partido e a condução das gestões petistas na economia.

Em mensagem divulgada no Twitter na quarta-feira, 20, Lula explicou sua escolha. “Muita gente estranha minha aliança com o Alckmin. Eu li em um livro do Paulo Freire que a gente tem que juntar os divergentes para derrotar os antagônicos. E é isso que vocês precisam saber. Nós vamos consertar esse país”, afirmou. Além do PSB e do próprio o PT, Lula tem o apoio do PCdoB, PV, Solidariedade, PSOL e Rede.

Braga Netto

Já Bolsonaro escolheu um nome próximo a ele. O general Walter Braga Netto (PL), ex-ministro da Defesa, deve ser confirmado como vice no domingo, 24, no Rio, na convenção do partido. O presidente também deve ter o apoio do Republicanos, Progressistas e PSC. O militar coordena o plano de governo de Bolsonaro. Segundo o líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), o ex-ministro tem experiência de planejamento e estratégia e deve ter uma atuação ativa no governo caso Bolsonaro seja reeleito. “Sempre esteve presente e atuante, não será diferente como vice”, disse.

Braga Netto e Bolsonaro em Brasília. Foto: Gabriela Biló/Estadão

PUBLICIDADE

O cientista político Bruno Carazza avalia que os perfis de vice escolhidos por Lula e Bolsonaro atendem a estratégias diferentes. “Lula buscou sinalizar uma ampliação de apoios para além da esquerda. Bolsonaro, por sua vez, opta por sedimentar a associação com os militares e, caso reeleito, minimizar os riscos de impeachment, como aconteceu com Mourão”, observou.

Carazza também disse que a demora em completar as chapas sinaliza a falta de viabilidade dos candidatos. “A demora na definição do vice nas chapas desses candidatos revela uma dificuldade em construir alianças políticas e sociais em torno de seus projetos de poder”.

Vera Lúcia, que irá representar o PSTU na disputa pelo Palácio do Planalto, vai ter a colega de partido Raquel Tremembé como vice. O Novo vai ter Luiz Felipe D’Ávila como candidato a presidente e o deputado Tiago Mitraud (MG) como vice.

Publicidade

Vera Lúcia (PSTU) em entrevista à EBC nas eleições de 2018. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.