Três construtoras com histórico de doações eleitorais para as campanhas presidenciais petistas e de execução de obras do governo federal custearam a viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a África, encerrada anteontem. Lula ficou seis dias no continente e passou por Gana, Benin, Guiné Equatorial e Nigéria.Durante a viagem, fez duas palestras custeadas por empreiteiras. A primeira, em Gana, foi paga em conjunto pela Odebrecht e pela Queiroz Galvão, além de uma empresa de seguros local chamada SIC. A segunda foi bancada pela construtora Andrade Gutierrez, que doou mais de R$ 2 milhões a Lula quando ele concorreu à reeleição, em 2006. Naquele ano, a Odebrecht injetou cerca de R$ 200 mil na campanha do petista. A Queiroz Galvão não fez doações.Em 2010, a campanha da presidente Dilma Rousseff recebeu R$ 9,38 milhões da Queiroz Galvão, R$ 15,7 milhões da Andrade Gutierrez e R$ 2,4 milhões da Odebrecht.A informação de que a viagem fora paga pelas empreiteiras foi publicada ontem pelo jornal O Globo e confirmada pelo Instituto Lula, que, no entanto, não informou os valores pagos sob a alegação de que são dados "reservados". Segundo a assessoria do instituto, as palestras foram para convidados das empresas. O transporte e a hospedagem também foram custeados por elas. Os pagamentos são feitos à LILS, empresa aberta pelo ex-presidente justamente para receber pelas palestras.Mercado. As palestras são a principal fonte de renda de Lula desde que ele deixou a Presidência. Em 2011 ele proferiu diversas, entre elas à Microsoft, à Tetra Pak e à LG. Em 2012, por causa do câncer que o acometeu e das eleições municipais, quase não fez nenhuma. No mercado, estima-se que um evento com o ex-presidente custe cerca de R$ 200 mil.Às plateias africanas, Lula falou sobre como a experiência do Brasil no combate à pobreza ajudou a desenvolver a economia e da relação Brasil-África.Lula fez ainda uma terceira palestra organizada pela revista The Economist, na Nigéria, que também teve a participação do presidente nigeriano, Goodluck Jonathan. / FERNANDO GALLO
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