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Russomanno lidera em redutos do PT

Intenção de voto estimulada do candidato do PRB é quase quatro vezes maior que a do petista em zona onde Marta e Dilma venceram

Por Daniel Bramatti e JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
Atualização:

Celso Russomanno (PRB) lidera sozinho a corrida eleitoral da zona petista de São Paulo. Sua intenção de voto nas áreas onde o PT costuma ser o mais votado é quase quatro vezes maior que a de Fernando Haddad: 26% a 7%, segundo o Ibope. Nessas zonas periféricas, José Serra (PSDB) tem 21% de intenção de voto estimulada, mesmo patamar a que chegou na eleição presidencial de 2010 nesses locais. A novidade, portanto, é Russomanno.O voto do paulistano tem coerência geográfica e histórica. Os mapas das últimas três eleições majoritárias na cidade se sobrepõem e se repetem. O centro expandido é majoritariamente antipetista, enquanto as periferias ao sul, leste e norte votam preferencialmente em candidatos do PT. Entre elas, uma zona volúvel balança entre o apoio e a rejeição aos petistas e seus adversários. A pedido do Estadão Dados, o Ibope mapeou o voto em São Paulo em 2008 e 2010 (leia texto nesta página). A zona azul, onde fica o centro expandido, corresponde à metade do eleitorado da cidade. Seus moradores têm o dobro da renda dos da zona vermelha, são mais velhos e há maior concentração de brancos. Nela, os candidatos do PT a prefeito, governador ou presidente nunca foram os mais votados. É a zona antipetista. O oposto ocorre na zona vermelha, onde estão 41% dos eleitores. Lá, candidatos do PT receberam mais votos do que os adversários nas três votações majoritárias analisadas. Seus moradores são mais pobres e jovens do que os do centro antipetista. Também há maior concentração de pretos e pardos, na definição usada pelo IBGE.Termômetro. Na zona cinzenta estão 9% dos eleitores. Às vezes eles votam mais num petista, outras num tucano ou num malufista. A zona volúvel não tem peso para definir a eleição, mas é um termômetro de para onde o paulistano balança a cada pleito. No primeiro turno de 2008, a zona volúvel rachou entre Marta Suplicy (PT) e Gilberto Kassab (então no DEM), como ocorreu no total da cidade. Em 2010, Dilma Rousseff (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) foram os mais votados lá e acabaram eleitos.Por ora, há empate técnico na zona cinzenta: 26% para Russomanno e 23% para Serra. Mas o tucano tem rejeição acima da média nessa zona: 43%. Só 1% dos eleitores de lá não votariam de jeito nenhum em Russomanno.Na zona antipetista, Serra lidera com 30% das intenções de voto estimuladas, mas é seguido de perto por Russomanno, com 24%. Ao contrário do tucano, que depende desproporcionalmente do centro antipetista, o candidato do PRB tem uma distribuição de eleitores que equivale ao peso de cada zona. Mas isso só acontece na pesquisa estimulada - reflexo do alto conhecimento do nome do apresentador de TV e indício da despolitização da campanha até agora. O resultado é diferente na distribuição do voto espontâneo, aquele que o eleitor dá sem precisar ler o nome dos candidatos. Nada menos do que 71% do voto espontâneo em Serra vem da zona antipetista. O eleitor que tem o nome de Russomanno na ponta da língua também está super-representado na área anti-PT: 59%. Para Haddad, a distribuição do voto espontâneo é proporcional ao peso de cada zona no total da cidade.O estudo do Ibope revela que há uma grande diferença no grau de interesse do eleitor pela campanha entre as três zonas homogêneas. Na zona petista, 69% dizem ter pouco ou nenhum interesse pela eleição, contra 53% na zona antipetista. É um sinal da desmobilização do eleitorado petista e uma explicação de por que Haddad vai tão mal, ao menos por ora, nos redutos do PT.

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