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Senado terá número recorde de candidatos à reeleição

Dos 54 parlamentares eleitos em 2010, 35 (65%) vão buscar um novo mandato nas eleições deste ano ao Senado; 7 ainda não se decidiram

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A eleição de 2018 para o Senado neste ano terá um número recorde de candidatos em busca da reeleição. Dos 54 parlamentares eleitos em 2010, ao menos 35 deles ou 65% vão tentar renovar seus mandatos por mais oito anos. Levantamento feito pelo Estado mostra ainda que sete senadores não se decidiram sobre que cargo disputar, cinco vão concorrer a governos estaduais, outros cinco resolveram não se candidatar a nada e dois planejam trocar o Senado pela Câmara dos Deputados.

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Na comparação com eleições anteriores, em que 2/3 das vagas do Senado também foram trocadas, o pleito de outubro terá o maior número de senadores tentando se reeleger dos últimos 24 anos. Dados do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) mostram que em 2010 a taxa de recandidaturas foi de 53,7% (29 parlamentares), em 2002 chegou a 61% (33) e, em 1994, ficou em 37% (20). Nesses anos foram eleitos dois senadores por Estado.

O pleito de outubro terá o maior número de senadores tentando se reeleger dos últimos 24 anos. Foto: André Dusek/Estadão

O resultado do levantamento confirma um retrato já observado em relação à Câmara. Em abril, o Estado revelou que ao menos 447 deputados (90%) vão tentar a reeleição, também número recorde. Isso quer dizer que, em tempos de Operação Lava Jato, fim das doações empresariais e redução do tempo de campanha, a renovação do Congresso pode ser menor nas eleições 2018.

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A Lava Jato, especificamente, atingiu 24 senadores eleitos em 2010. Desse grupo, 70% ou 17 parlamentares vão buscar mais um mandato em outubro. São os casos dos campeões de inquéritos abertos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) com base nas delações da Odebrecht: o líder do governo de Michel Temer, Romero Jucá (MDB), e o ex-presidente nacional do PSDB Aécio Neves.

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Nas eleições 2018, Jucá vai concorrer ao quarto mandato consecutivo. Líder no Senado dos governos dos últimos quatro presidentes – Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer –, o emedebista terá de pôr à prova sua influência em Roraima e convencer o eleitorado de que as acusações contra ele, entre elas lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, são “armação” da Procuradoria-Geral da República, como costuma afirmar.

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A vantagem de Jucá é que, diferentemente de Aécio Neves, ele precisa convencer 120 mil eleitores para se reeleger. Roraima tem o menor colégio eleitoral do País, com 324 mil pessoas aptas a votar ou 0,22% do total. Já o tucano precisaria de 5 milhões de votos, em média, para ser reeleito em Minas – em 2010, obteve 7,5 milhões de votos.

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Após ser gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, da J&F, ver sua irmã presa e seu mandato sob risco, Aécio ainda avalia se disputará algum cargo na eleição. Atual presidente do PSDB e presidenciável do partido, Geraldo Alckmin já declarou que o melhor seria o senador se afastar das urnas – ele nega as acusações. A decisão, no entanto, ainda não foi tomada. Uma possibilidade cogitada é trocar o Senado pela Câmara, pelo risco menor de derrota.

Risco de ser candidato ao Senado

Presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann está em posição semelhante à de Aécio Neves. Não quer arriscar a reeleição pela possibilidade da derrota – ela já é ré na Lava Jato –, mas procura outra opção a fim de evitar perder mandato. A mais provável é disputar uma vaga na Câmara dos Deputados nas eleições 2018. No entanto, interlocutores do PT também acreditam que ela poderá ser escolhida como vice caso a sigla lance uma chapa pura encabeçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Operação Lava Jato, à Presidência da República.

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Para o cientista político Marco Antonio Teixeira, da FGV, para ser candidato ao Senado é preciso estar em uma boa posição não apenas perante o eleitor, mas também no partido e com as coligações. “Nestes casos, de Aécio e Gleisi, é mais simples tentar uma vaga na Câmara, onde há uma competitividade menor.” A lógica seria direcionar recursos para uma candidatura que tem mais chances de dar certo.

O senador Hélio José (PROS-DF), suplente do governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), confirmou que tentará a Câmara. Mas disse que não é pelo temor de não se reeleger. “Teria totais condições de ser senador, mas o objetivo é representar o povo no Congresso.”

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Entre os senadores que abriram mão de disputar as eleições 2018 estão dois ministros do governo de Michel TemerBlairo Maggi (PP), da Agricultura, e Aloysio Nunes (PSDB), das Relações Exteriores –, Zezé Perrella (PTB) e o suplente Roberto Muniz (PP), que assumiu o mandato no Senado em definitivo. Com exceção de Muniz, todos os outros são investigados pelo Supremo Tribunal Federal.

Executivo é alvo de 50% dos que estão no meio do mandato

Sem o risco de ficar sem cargo, mais da metade dos 27 senadores eleitos em 2014 e, portanto, donos de mais quatro anos de mandato, vai disputar um cargo executivo neste ano. Segundo levantamento do Estado, 15 deles se apresentam como pré-candidatos a governadores e dois estão na briga pelo Palácio do Planalto. São eles o ex-presidente Fernando Collor (PTC) e Alvaro Dias (Podemos).

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Entre os que buscam governos estaduais nas eleições 2018, Romário (Podemos-RJ) é um dos que enfrentam posição favorável, liderando as pesquisas de intenção de voto. Para Maurício Fronzaglia, professor de ciências políticas do Mackenzie, o desgaste da classe política no Estado é maior que em outras regiões do País, o que fortalece o ex-jogador.

“É a melhor possibilidade para ele ser eleito, porque todas as áreas do poder estão em uma situação negativa e ele não está ligado a nenhum dos governos anteriores”, analisa.

Em Minas, o senador Antonio Anastasia (PSDB), que estava reticente em se candidatar ao governo nas eleições 2018, aceitou ser candidato e puxar votos no Estado para o presidenciável tucano Geraldo Alckmin. Segundo maior colégio eleitoral do País, Minas é atualmente governado pelo PT.

Na avaliação de Carlos Melo, cientista político do Insper, senadores que tentam se tornar governadores têm a chance de usar a eleição, se não para ganhar, para fortalecer seu grupo político. Uma das consequências do sistema atual é a pouca renovação. “Mesmo que não vençam, com uma campanha ao governo eles ganham conhecimento e recall para uma próxima eleição, o que dificulta a chegada de novos nomes”, diz Carlos Melo.

Correções

Diferentemente do informado na reportagem, o ministro Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores) não é investigado na Lava Jato. Um inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal apura suposta doação não contabilizada da Odebrecht à sua campanha ao Senado, em 2010, sem relação com a operação. A informação foi corrigida.

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