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Um olhar crítico no poder e nos poderosos

Opinião|Com a queda de popularidade, Lula quer intervir em preços de alimentos, como na Petrobras e na Vale?

Lula se reuniu nesta quinta-feira com ministros e assessores, já preparando o script para as desculpas, broncas pela alta da inflação dos alimentos

Foto do author Eliane Cantanhêde

Depois do mergulho nas pesquisas da semana passada, o Planalto enfim pescou a culpada pela queda da popularidade do presidente Lula: a inflação, particularmente dos alimentos. Assim, Lula se reuniu nesta quinta-feira com ministros e assessores ligados à questão, já preparando o script para as desculpas, broncas e anúncios da reunião ministerial da próxima segunda-feira. Mas será que é só isso? A inflação?

Ninguém gosta de comida mais cara e os segmentos que tiveram mais peso nos resultados preocupantes para Lula e o governo foram o Nordeste, sempre solidamente simpático ao PT, e as mulheres, que apoiaram majoritariamente Lula nas eleições de 2022. O curioso é que, de acordo com o Instituto Fome Zero, os brasileiros com fome caíram de 33 milhões para 20 milhões. A comida está mais cara, mas os mais pobres estão comendo mais por causa dos programas sociais?

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve reunião com ministros e um dos temas foi a alta da inflação dos alimentos Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

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Após essa primeira reunião - que teve até Fernando Haddad (Fazenda) -, os ministros Carlos Fávaro (Agricultura), e Paulo Teixeira, (Desenvolvimento Agrário) apontaram a culpa pela inflação de alimentos, que, por sua vez, é culpada pela queda nas pesquisas: foi o clima. Mas, segundo eles, a natureza vai ajudar e os preços vão cair. Tomara que não à custa de intervenção estatal, que nunca deu certo.

Por falar nisso, Lula não vem contribuindo para a queda de popularidade? O presidente da Petrobras, petista Jean Paulo Prates, admitiu, por escrito, que foi por orientação de Lula que a distribuição extraordinária de dividendos foi suspensa. “Orientação” de presidente em companhias como Vale e Petrobrás, tem outro nome, que o governo nega: ingerência política.

Depois de a Petrobras perder R$ 55 bilhões em valor de mercado num único dia, vem aí mais um safanão: investidores estrangeiros já retiraram R$ 23 bilhões da Bolsa neste ano. Não dá para por a culpa nas questões climáticas, na inflação, nos alimentos. Não seria efeito das tais “orientações” de Lula quanto a dividendos, a política de preços, a quem deve ou não presidir as empresas?

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Na festa de aniversário de José Dirceu, um dos grandes líderes da história do PT, os cochichos eram sobre pesquisas, causas, falas fora de lugar e erros de Lula, com uma impressão: Lula está sem conselheiros com conhecimento e autoridade para lidar com ele – como, aliás, Dirceu já foi um dia. Detalhe: Haddad, apoiado por Dirceu, foi abraçá-lo; Gleisi Hoffmann, presidente do PT e criticada por Dirceu, não deu as caras. Já perto dos 80, Dirceu parece olhar mais para frente do que o Lula e o PT, que insistem em governar olhando para trás.

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e do telejornal GloboNews em Pauta

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