Debater a falta de oportunidades de jovens indígenas no campo educacional ao delicado tema do suicídio são objetivos do I Congresso de Adolescentes e Jovens Indígenas de São Gabriel da Cachoeira, município a 858 quilômetros de Manaus. O Congresso começa na terça-feira e vai até o dia 3 de agosto. Nos últimos dois anos, oito adolescentes indígenas cometeram o suicídio por enforcamento e 15 tentaram e foram hospitalizados. Há um inquérito na polícia civil local buscando as causas, mas antropólogos que estudam os casos apontam a falta de perspectiva de crianças e adolescentes das mais de 50 etnias que vivem na região. A população de São Gabriel é cerca de 90% composta por indígenas, a maior população absoluta de indígenas do País. O Congresso é promovido pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e o Movimento dos Estudantes Indígenas do Amazonas (Meiam), com apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Segundo uma das líderes do Meiam, Juliana Silva, temas ainda como a prostituição, DSTs, Aids e o alcoolismo serão temas de debate. "Geralmente o alcoolismo passa de um hábito de pais para filhos de indígenas, já que esses pais também não têm perspectiva de emprego na cidade", destaca. A educação indígena também entrará em debate. Segundo relatório do Unicef de 2005, 30,9% dos indígenas de a 14 anos são analfabetos, enquanto a média nacional é de 12,4%. Crianças e adolescentes indígenas de 10 a 14 anos têm em média 2,5 anos de estudo, já a média nacional entre não indígenas na mesma faixa etária é de 4,2 anos.
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