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'Esperança venceu o medo e coragem vai vencer a chantagem e o golpismo', diz presidente do PT

Rui Falcão afirmou que caminho do enfrentamento vai tirar o País do ambiente de 'instabilidade e ameaças de impeachment', permitindo a retomada do crescimento econômico

Por Ana Fernandes e Valmar Hupsel Filho
Atualização:

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, convocou uma coletiva na noite desta quinta-feira, 3, e defendeu a estratégia de enfrentamento ao processo de impeachment, que foi desencadeada indiretamente por uma mensagem sua publicada nas redes sociais na terça-feira, 1. Falcão argumentou que o enfrentamento do PT e do governo às "chantagens" de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) vai levar o Planalto a conseguir uma nova governabilidade e tirar o País da crise.

"Assim como a esperança venceu o medo a coragem vai vencer a chantagem e o golpismo", disse Falcão. Na terça-feira, à revelia do governo federal, Rui Falcão disse nas redes sociais que os integrantes petistas no Conselho de Ética deveriam votar pela admissibilidade do processo contra Cunha. Os deputados seguiram a recomendação do dirigente e anunciaram que votariam contra os interesses do peemedebista. Cunha então retaliou e deferiu o pedido de impeachment contra Dilma.

O presidente do PT, Rui Falcão Foto: MARCOS ARCOVERDE/ESTADÃO

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"Tenho certeza que, agora, com essa decisão de separar o joio do trigo, nós abrimos um novo caminho, o caminho para estabelecer uma nova governabilidade no País", defendeu Falcão. O presidente do PT afirmou ainda que o caminho do enfrentamento vai tirar o País do ambiente de "instabilidade e ameaças de impeachment", permitindo a retomada do crescimento econômico.

A argumentação dele demonstra que o partido poderia, com essa estratégia, se reaproximar de uma imagem ligada à ética, além de reafirmar a legitimidade do governo. "Agora é um bom momento para que a gente possa renovar os costumes políticos no País, manter ativo o combate à corrupção e recobrar a confiança da população na Política com P maiúsculo, sem concessões éticas e sem barganhas. Nós podemos aqui revalidar o resultado das eleições de 2014, que a turma do quanto pior melhor tenta reverter no tapetão 'made in Suíça'", disse alfinetando Eduardo Cunha.

Falcão disse ainda que a militância do partido será recuperada com esse movimento de enfrentamento a Cunha, o que vai ser fundamental para enterrar o processo de impeachment. "Essa luta em defesa da democracia, do mandato conquistado nas urnas, é uma batalha que o PT travará de bom grado, aliás a decisão dos nossos deputados de votarem pela continuidade do processo no conselho de ética uniu a nossa militância no País inteiro, que está disposta a se mobilizar."

Processo espúrio. Falcão reforçou o discurso de "mocinha versus bandido" colocado por porta-vozes do governo. Ele repetiu que o processo aceito por Cunha não tem embasamento jurídico e é 'espúrio'. "É um processo espúrio, provocado por alguém (Cunha) que, acuado pelas denúncias de corrupção, resolveu sem qualquer lastro jurídico, sem qualquer base legal, tentar abreviar o mandato da presidenta é muito ruim para o País."

O dirigente reforçou o discurso contra o 'golpismo' e à favor da 'democracia'. "Nesse momento, o que está em jogo não é se gosta da Dilma, se gosta do governo ou não. O que está em jogo agora é a democracia do País, que foi conquistada duramente." Ele argumentou ainda que, segundo soube, o vice-presidente Michel Temer - 'constitucionalista de renome' disse que o processo aberto não tem "qualquer lastro jurídico". "(Temer) não participará de nenhum tipo de golpismo, nenhuma tratativa para conspirar contra um governo do qual ele participa", frisou.

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Falcão também desmentiu "cabalmente" o que foi dito por Cunha, de que o governo e Dilma Rousseff teriam barganhado com o Congresso para aprovar medidas. "Em nenhum momento a presidenta ou nenhum membro do governo faria esse tipo de negociação apontado pelos deputados que representam o Eduardo Cunha", afirmou.

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