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SÃO PAULO - A estudante Deborah Fabri, de 19 anos, perdeu a visão do olho esquerdo após ser ferida nesta quarta-feira, 31, durante manifestação contra o impeachment da presidente DilmaRousseff no centro de São Paulo. O ferimento teria sido causado por estilhaços de bombas lançadas por policiais militares durante o protesto. Este é o terceiro caso em três anos em que manifestantes ou profissionais de imprensa ficam cegos de um dos olhos em consequência à ação policial de repressão a protestos de rua na capital paulista.
Deborah foi internada no início da madrugada desta quinta-feira no Hospital dos Olhos, onde passou por uma cirurgia de emergência que durou cerca de 1h30. Ela recebeu alta por volta do meio dia, quando publicou a seguinte mensagem em sua página pessoal no Facebook: “Oi pessoal estou saindo do hospital agora. Sofri uma lesão e perdi a visão do olho esquerdo mas estou bem. Obrigada pelas mensagens e apoio logo logo respondo todos!!!”. Até as 17h30 ela permanecia sedada, em casa.
De acordo com o oftalmologista William Fidelix, diretor operacional do Hospital dos Olhos, Deborah teve perfuração do olho esquerdo e perdeu quase 100% da visão. “Não posso afirmar que ela está cega porque ela tem percepção luminosa. É muito pouca essa percepção, mas ela percebe se a luz do quarto está acesa ou apagada, mas não percebe movimentos de mãos, por exemplo”, disse.
No hospital foi feita uma sutura para tentar presenvar a estrutura físifa do olho, mas na avaliação do oftalmologista é baixa a possibilidade de que Débora consiga recuperar a visão. “O prognóstico nestes casos de tipo de lesão provocada no olho é bem elevado. É muito grave o estágio. Amanhã ela pode recuperar isso ou perder completamente a visão. É só com a evolução do caso que vamos ficar sabendo. É realmente difícil ter uma melhora na visão, realmente difícil, mas medicina é medicina”.
O Estado solicitou nesta quinta-feira, 1, entrevista com o secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Mágino Álves Barbosa Filho, mas assessoria de imprensa da SSP afirmou que ele não iria falar sobre o assunto. Em nota, a SSP afirmou que está tentando contato com Deborah para que ela registre o fato “que ela alega ter se envolvido” para dar início às investigações, já que ela não registrou boletim de ocorrência.
"A SSP entrou em contato com a Universidade do ABC, onde estuda Deborah Fabri, para que sejam oferecidos os meios necessários para a localização dela e para que a Polícia Civil possa registrar o fato em que ela alega ter se envolvido e dar início às devidas investigações, uma vez que ela não registrou o boletim de ocorrência", diz o texto.
Outros casos. O caso de Deborah é semelhante ao do assistente administrativo, Vitor Araújo, de 22 anos. Ele também tinha 19 anos quando, em 7 de setembro de 2013 foi atingido no olho direito por estilhaços de bombas lançadas por policiais militares durante manifestação em frente à Câmara dos Vereadores, no centro de São Paulo. “Naquele dia eu perdi o globo ocular. É muito chocante e muito triste isso porque a gente vê que a história se repete, que as táticas são iguais e nada mudou. Isso me gera revolta e uma sensação de impotência porque nada foi feito”
Dois profissionais de imprensa, os fotógrafos Alex Silveira e Sérgio Silva, também perderam um dos olhos em consequência à repressão da polícia a manifestação de rua. Ambos foram atingidos diretamente nos olhos por disparos de balas de borracha enquanto trabalhavam cobrindo manifestações.
O mais recentente caso é o de Sérgio, atingido em junho de 2013. Ele processou o Estado mas a Justiça de São Paulo negou o pedido de indenização. Na decisão, o juiz Olavo Zampol não só inocentou o Estado como considerou o fotógrafo culpado pelo tiro que tomou. Segundo o magistrado, Sérgio foi responsável por se colocar entre manifestantes e a polícia, “assumindo, com isso, as possíveis consequências do que pudesse acontecer”. Alex foi atingido por uma bala de borracha em 2001 e também perdeu a visão.
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