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Fecomércio do Rio critica retomada da exigência de visto por governo Lula e chama ato de retrocesso

Governo argumenta que a medida busca garantir o princípio da reciprocidade diplomática ao cobrar visto dos países que exigem do Brasil

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Por Weslley Galzo

BRASÍLIA - A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) emitiu nesta terça-feira, 14, um comunicado com críticas a medida anunciada na semana passada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de restabelecer a exigência de visto para turistas dos Estados Unidos, Canadá, Japão e Austrália, sob o argumento de reciprocidade diplomática entre os países. Segundo a entidade, a decisão do Itamaraty significa produz “contrassenso” e “retrocesso” no turismo brasileiro.

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“Revogar uma medida que sequer foi efetivamente experimentada constitui-se num contrassenso. A exigência do visto para estrangeiros é na prática um retrocesso que vai prejudicar nossa economia”, disse em nota o presidente da Fecomércio RJ, Antonio Florencio de Queiroz Junior. “A decisão impacta o setor de turismo nacional exatamente no momento em que o trade turístico retoma as atividades no receptivo internacional. E, certamente, vai atrapalhar a expansão do fluxo aéreo destes mercados para o Brasil”, argumentou.

O governo, por sua vez, justifica a medida é uma forma de assegurar a soberania do País por meio do principio da reciprocidade. Os quatro países citados exigem vistos dos turistas brasileiros para adentrar em suas fronteiras.

A retomada da exigência de visto passará a valer somente a partir de 1º de outubro deste ano, como mostrou o Estadão. Em março de 2019, o então presidente Jair Bolsonaro formalizou a dispensa do visto para turistas australianos, canadenses, americanos e japoneses. A medida foi tomada após encontro com o republicano Donald Trump, que estava à frente da Casa Branca.

O governo Bolsonaro justificou, na ocasião, que a medida buscava elevar o patamar de visitas de 6,7 milhões para 12 milhões ao ano até o ano passado. A inexigibilidade, porém, acabou tendo validade de apenas dois anos - em 2019 e 2022 -, por causa da pandemia de covid-19 que atingiu o mundo entre 2020 e 2021 e paralisou quase que por completo o setor de turismo.

Ainda segundo a Fecomércio, EUA, Canadá, Japão e Austrália enviavam anualmente ao Brasil, até a pandemia, mais de 800 mil turistas. “Para o Rio de Janeiro, um dos grandes destinos turísticos do mundo, a medida traz um prejuízo em especial: cerca de 34% dos turistas estrangeiros visitam a nossa capital, sendo que boa parte desse fluxo se estende também às principais cidades turísticas do estado, como Paraty, Búzios e Petrópolis”, destacou a federação.

“Entre o simbolismo de uma suposta soberania nacional ou o entendimento das questões de um setor produtivo que representa cerca de 10% dos empregos gerados em nosso país, o Itamaraty infelizmente optou pelo caminho de uma decisão equivocada, distante da economia real do Brasil, e que terá como efeito prático prejudicar a população brasileira e os estados cuja economia está diretamente atrelada ao turismo”, prosseguiu a Fecomércio.

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Na semana passada, outras entidades do ramo também se posicionaram contra a mudança, como Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa). Com a mesma tônica adotada pela Fecomércio, a associação classificou a medida como um grande retrocesso.

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