O ex-presidente do Democratas Jorge Bornhausen disse que já passou a hora de o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pedir o afastamento do cargo. A afirmação foi feita em entrevista ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, na noite de domingo, 24. "O Senado está sangrando. E só poderia ter impedido isso o próprio acusado, o presidente Renan Calheiros, se tivesse se afastado, imediatamente, e se colocado à disposição do Conselho de Ética para apresentar a sua defesa e para ser julgado", afirmou Bornhausen. "Agora, eu acho que o afastamento já é pouco. Ele deve renunciar ao mandato que tem de presidente do Senado e se sujeitar ao Conselho de Ética." Para Bornhausen, se Renan não renunciar, o Senado sofrerá as conseqüências. "Sem renunciar à Presidência, o Senado vai continuar sangrando e os senadores vão perdendo o respeito (da sociedade) - mesmo os mais respeitáveis; as ruas vão clamando por solução", previu. Risco Chávez Ainda durante a entrevista, Bornhausen salientou que a mudança de nome do partido (PFL para Democratas) teria sido uma reação dos liberais à "onda de populismo" na América Latina. "Eu acho que o que a América Latina vive hoje é o populismo versus a democracia", ressaltou o ex-presidente dos Democratas. "E nós procuramos um nome forte para poder enfrentar esse populismo que grassa em vários países, comandados pelo coronel Hugo Chávez, e que tem aqui os seus espaços." Candidato próprio Bornhausen lembrou que o antigo PFL nunca teve um presidente da República. Ele salientou que a situação, daqui para frente, pode ser diferente, desde que o partido tenha candidatos próprios para todos os cargos eletivos e, principalmente, à Presidência da República. "O PFL não chegou ao poder, mas os Democratas poderão chegar", garantiu. Mas ao ser questionado se o partido já terá candidato próprio em 2010, ressalvou: "Eu acho que primeiro teremos que ter um projeto para 2008." Reforma Política O ex-presidente do Democratas mostrou-se pessimista quanto ao futuro da reforma política em tramitação no Congresso Nacional, mas ponderou que os parlamentares têm a obrigação de aprovar a reforma possível. Ele acredita que o momento não seria o mais adequado para uma reforma mais profunda, já que existe desinteresse por parte do governo. Pragmático, ele prevê, por exemplo, que embora o voto distrital misto seja o ideal para o Brasil, não acredita na sua aprovação. "Eu não vejo a menor possibilidade de conseguirmos três quintos nas duas Casas do Congresso, por duas vezes, para fazer uma alteração constitucional em um tema dessa natureza."