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Lula diz que, se Bolsonaro ‘tivesse coragem’, daria ‘canetada’ na política de preços da Petrobras

Petista ainda falou da necessidade de pedir desculpas ao povo por expectativas não cumpridas

Foto do author Giordanna Neves
Por Giordanna Neves (Broadcast), Matheus de Souza e Ananda Müller
Atualização:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira, 8, que, se o presidente Jair Bolsonaro (PL) tivesse “coragem”, deveria usar a “mesma caneta” que implementou a política de Preço de Paridade de Importação (PPI) da Petrobras para reverter a medida, em uma crítica à alta dos combustíveis no País. A formulação de preços foi implementada no governo Michel Temer (MDB), após a petrolífera amargar prejuízos e perdas de valor na Bolsa em razão de intervenções no governo Dilma Rousseff (PT) e dos escândalos de corrupção revelados pela Operação Lava Jato.

“O aumento da gasolina (alinhado) ao preço internacional não foi feito com uma votação no Congresso. Foi uma canetada do (ex-presidente da Petrobras) Pedro Parente . Portanto, se para aumentar o preço do combustível e transformar em preço internacional foi numa canetada, para você tirar também pode ser numa canetada. O presidente, se tivesse coragem, se não fosse um fanfarrão, um embusteiro, já teria feito isso”, disse Lula, em entrevista à Rádio Itatiaia, de Minas Gerais.

Pré-candidato à presidência, Lula afirma que PT precisa analisar por que a sigla perdeu competitividade na política brasileira.  Foto: Foto: Fernando Bezerra/EFE

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A inflação, sob forte impacto da alta dos preços dos combustíveis, é uma das principais preocupações do eleitor neste ano. Pré-candidatos ao Planalto, tanto Bolsonaro quanto Lula têm adotado um discurso crítico contra a política de preços da Petrobras. Na segunda-feira, 6, Bolsonaro anunciou uma proposta que prevê, em linhas gerais, zerar o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre o diesel e o gás de cozinha; reduzir o ICMS e zerar os impostos federais sobre gasolina e o etanol; e compensar os Estados e o Distrito Federal.

Na avaliação de Lula, ao propor essas medidas, Bolsonaro busca culpar os governadores pela alta nos preços dos combustíveis, além de prejudicar o orçamento dos municípios e os investimentos em saúde e educação. “Toda essa briga em torno do ICMS não vai resultar na bomba nem no botijão de gás”, disse o petista.


O petista defendeu ainda a construção de refinarias para tornar o País autossuficiente em combustíveis. “O Brasil hoje está refinando apenas 80% do combustível que nós precisamos. É preciso que a gente faça mais refinarias para que o Brasil seja efetivamente autossuficiente, para que a gente não precise pagar gasolina a preço internacional”, afirmou.

A fala de Lula vai na linha do que foi defendido nesta terça-feira, 7, por Bolsonaro. Em entrevista ao SBT, o presidente declarou que o governo federal pretende começar a construir refinarias no Brasil. “Não precisaríamos importar de ninguém e nem estaríamos preocupados se lá fora ia faltar ou não, porque nós temos petróleo aqui em abundância”, disse.

‘Autorreflexão’

À Radio Itatiaia, o ex-presidente disse, ainda, que o PT precisa de uma “autorreflexão”. A resposta foi dada após os entrevistadores questionarem o petista a respeito da perda de espaço da sigla na política mineira. Lula afirmou que o PT “era um partido muito forte”, e que os seus integrantes precisam entender o porquê de a sigla ter deixado de ser competitiva.

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O petista afirmou que “não foi o povo que ficou ruim, que deixou de gostar do PT”, mas que provavelmente a sigla gerou expectativas que não conseguiu cumprir. O pré-candidato ainda falou em pedido de desculpas: “Se algum prefeito cometeu erros na sua relação com o povo, nós temos de pedir desculpas ao povo por ter errado, e temos de tentar corrigir aquilo que não fizemos de correto”, disse. “Precisamos ter capacidade de fazer uma autorreflexão e corrigir nossos erros.”

O ex-presidente acrescentou ainda que o PT “não pode ficar colocando a culpa nos outros” e que é necessário sentar com prefeitos, ex-prefeitos, dirigentes e avaliar os motivos que levaram à perda de confiança do eleitorado. “O defeito deve ser nosso, não deve ser do povo. Então, se a gente tiver a humildade de fazer uma reflexão, e saber por que nos perdemos”, disse.

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