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Mandante da chacina de Unaí se entrega para ser preso após 19 anos do crime

Outro envolvido também foi preso esta semana e duas pessoas condenadas ainda não se entregaram à Polícia Federal e são consideradas foragidas

Foto do author Weslley Galzo
Por Weslley Galzo
Atualização:

BRASÍLIA - Considerado como um dos principais mandantes da chacina de Unaí (MG), o ex-prefeito de Unaí Antério Mânica, se entregou neste sábado, 16, na Superintendência da Polícia Federal em Brasília para cumprir os mais de 50 anos de prisão a que foi condenado pelo crime que fez quatro vítimas em 2004.

Mânica passará o final de semana preso na capital federal, onde também está preso o empresário José Alberto de Castro por envolvimento no caso. Castro foi preso nesta quinta-feira (14), na região do Triângulo Mineiro. O Ministério do Trabalho e Emprego informou que Mânica será transferido para Belo Horizonte na próxima segunda-feira, 18. Ainda não há informações sobre a transferência de Castro para o foro de cumprimento da pena.

Manifestantes pedem condenação de réus da chacina de Unaí e fazem quatro cruzes com sacos de feijão, em alusão aos quatro funcionários do Ministério do Trabalho mortos em 2004 Foto: Leonardo Augusto/Estadão

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“Este momento representa um alívio para as vítimas, suas famílias, colegas e toda a comunidade trabalhadora, que há tanto tempo esperavam por justiça”, diz a nota assinada pelo superintende Regional do Ministério do Trabalho e Emprego em Minas Gerais, Carlos Calazans, e pela delegada do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho, Ivone Baumecker.

O caso envolve as autoridades trabalhistas porque as vítimas foram os auditores do trabalho do trabalho Nelson José da Silva, João Batista Lages e Erastótenes de Almeida Gonçalves, e o motorista Ailton Pereira de Oliveira. Os quatro foram alvo de embosca e assassinados a tiros enquanto apuravam denúncias de trabalho análogo à escravidão. Mânica, que era prefeito de Unaí na época, teria participado da contratação de assassinos de aluguel com o apoio dos outros condenados.

Todos os envolvidos na chacina foram levados a júri popular, onde foram condenados a penas que variam entre 31 e 65 anos de prisão, mas o STJ havia autorizado que eles aguardassem os recursos judiciais em liberdade.

Cartaz com foto dos servidores mortos na chacina de Unaí Foto: Leonardo Augusto/Estadão

Outras duas pessoas supostamente envolvidas no crime, o empresário Hugo Alves Pimenta e o proprietário rural e irmão do ex-prefeito, Norberto Mânica, são considerados foragidos por não cumprirem o prazo para se entregarem à Polícia e por não terem sido identificados em buscas das autoridades competentes.

Os mandantes do crimes só foram presos porque, em maio, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), cassou a decisão que impedia a prisão imediata de condenados pela Chacina de Unaí. A ordem do ministro obrigou a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), responsável pela decisão cassada, a revisitar o caso.

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Moraes atendeu a um pedido do procurador-geral da República Augusto Aras, que defendeu a execução imediata das penas. “A resposta dada à sociedade e pela sociedade aos crimes contra a vida há de ser efetiva, não se encerrando no mero julgamento dos acusados por seus pares. Para tanto, é necessário o efetivo cumprimento de suas decisões”, escreveu Aras no pedido enviado ao Supremo.

A partir da decisão de Moraes, o STJ autorizou a execução provisória das penas dos condenados nesta terça-feira, 12, e já no dia seguinte, o Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6), em Belo Horizonte, determinou sua prisão imediata.

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