Marina, internada, é alvo de deboche de médicos no Acre: ‘Tomara que os vírus da covid estejam bem’

Reprodução de mensagens trocadas em aplicativo mostra profissionais da saúde questionando efetividade da vacina; ministra foi hospitalizada no sábado em SP e tem expectativa de alta ‘em breve’

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Por Redação
Atualização:

Mensagens vazadas de um grupo de WhatsApp de profissionais da saúde do Estado do Acre mostram três médicos debochando do quadro clínico da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, internada no sábado, 6, no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (InCor), em São Paulo, após testar positivo para covid-19.

Ministra Marina Silva durante entrevista coletiva realizada em abril na sede da pasta em Brasília.  Foto: Wilton Junior/Estadão

No grupo de mensagens, nomeado Médicos Unidos, um dos participantes compartilhou a notícia sobre a ministra questionando: “Ué, não era vacinada?”. Outra profissional comenta: “Coisas da vida. É da vacinação!”. Por fim, um terceiro médico ri da situação e diz: “Tomara que os vírus da covid estejam bem”. A imagem foi divulgada pelo site local ContilNet.

Médicos debocham de Marina Silva, internada com covid Foto: Reprodução/ContilNet

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A vacina contra o coronavírus não impede a infecção pelo vírus, sua principal função é evitar o agravamento da doença. No caso da ministra, que já enfrentou diversos problemas de saúde, isso é especialmente relevante. Nascida em um seringal no Acre, Marina teve hepatite, malária, contaminação por mercúrio e leishmaniose.

Segundo a assessoria de imprensa do ministério, ela se vacinou com as quatro doses disponíveis contra a covid e, de acordo com o último boletim médico, divulgado no fim da manhã desta segunda-feira, 8, seu quadro “evolui clinicamente bem e estável em relação ao dia anterior, com expectativa de alta em breve”. Ainda segundo o boletim, Marina passa por exames de rotina e permanece em acompanhamento pelo cardiologista prof. dr. Sérgio Timerman, pela infectologista profa. dra. Tânia Mara Varejão Strabelli, e pelo diretor da Divisão de Pneumologia do InCor, prof. dr. Carlos Roberto Ribeiro de Carvalho.

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Após o vazamento das mensagens, a diretoria do Sindicato dos Médicos do Estado do Acre (Sindmed-AC) publicou uma nota afirmando que o grupo “Médicos Unidos” não é administrado pela entidade: “O único grupo oficial é chamado de ‘Filiados’, existindo regras claras que proíbem a manifestação política, permitindo apenas assuntos médicos, debates trabalhistas, sindicais e a divulgação de informações do sindicato. Os membros deste sindicato também prestam solidariedade à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e desejam boa recuperação”.

No final da noite desta segunda, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, manifestou solidariedade à ministra após os ataques. “É infame ver profissionais da saúde com tanto ódio que usurpa até mesmo o princípio básico da medicina”, disse a deputada federal em uma rede social.

Marina Silva foi internada no sábado após receber a confirmação do teste. Orientada pelos médicos, a ministra se manteve no hospital para realizar exames. Ela apresentou sintomas gripais com um quadro de tosse, coriza e mal-estar.

Informações divulgadas pelo Sistema Eletrônico de Agendas do Poder Executivo Federal mostram que Marina não tem compromissos nesta semana. Ela era aguardada na quarta-feira, 10, na Câmara dos Deputados, na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, para apresentar seu plano de trabalho na área da sustentabilidade.

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Pronunciamento

No fim de semana, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, fez um pronunciamento oficial para reforçar a importância de o País continuar a imunização contra o coronavírus, mesmo depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter declarado na sexta-feira, 5, o fim da emergência internacional de saúde pela doença.

“Infecções pelo vírus Sars-Cov-2 vão continuar e devemos manter cuidados. Portanto, sistemas de vigilância, diagnóstico, redes de assistência e vacinação precisam ser fortalecidos”, disse a ministra. “Neste cenário, entende-se que o momento indica uma transição do modo de emergência para um enfrentamento continuado, como parte da prevenção e controle de doenças infecciosas.”

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