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Pacheco indica apoio à reeleição de Lula em 2026, mas quer fim de mandatos consecutivos em 2030

Presidente do Senado se aproximou de Lula e disse que vê o caminho do centro em Minas Gerais ‘vinculado à esquerda’, mas negou estar de olho em uma eventual candidatura ao governo estadual em 2026

Foto do author Iander Porcella
Foto do author Julia Affonso
Por Iander Porcella (Broadcast) e Julia Affonso

BRASÍLIA - O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sinalizou apoio à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026. O senador citou a “boa vontade” do petista em resolver o impasse sobre a dívida de Minas Gerais e disse que vê o caminho do centro em seu Estado natal “vinculado” à esquerda. Por outro lado, o parlamentar voltou a defender o fim dos mandatos consecutivos no País para cargos no Executivo, apesar da resistência do PT à proposta.

Pacheco tem feito uma série de reuniões com Lula para negociar o pagamento do valor devido por Minas à União. Esse movimento do senador levou o governador do Estado, Romeu Zema (Novo), adversário do grupo político do presidente do Senado, a agir também para tentar encontrar uma solução para a inadimplência do ente federativo.

Lula e Pacheco conversam durante sessão solene de promulgação da reforma tributária no Congresso  Foto: Andre Borges/EFE

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Pacheco também articula com o governo um pacote para mitigar os impactos da seca na região Norte do Estado. De acordo ele, o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), a defesa civil, o Banco do Nordeste e o Banco do Brasil implementarão medidas, cada um dentro de sua competência, para auxiliar a população e as empresas locais.

Essas movimentações de Pacheco o aproximaram ainda mais do Palácio do Planalto nas últimas semanas. “Lula está com muito boa vontade de resolver a dívida de Minas Gerais”, disse o senador, durante café da manhã com jornalistas na residência oficial do Senado nesta sexta-feira, 22. “Estou próximo do PT também. Fiz um encontro aqui (na residência oficial) com a bancada do PT de Minas”, emendou.

Pacheco afirmou que sem resolver a questão da dívida, Minas ficará “ingovernável”. Ele negou, contudo, que suas ações recentes tenham como foco uma eventual candidatura ao governo estadual em 2026. “Hoje, não seria candidato. Mas, obviamente, a gente está na política, tem compromisso com o Estado, lá na frente a gente avalia”, desconversou. Aliados de Pacheco avaliam que Lula o quer como candidato no Estado.

“Minha relação com o Lula é boa”, declarou Pacheco, ao afirmar que a tendência do PSD de MG em 2026 é apoiar um novo mandato do atual presidente. “Se Lula for candidato à reeleição, é natural que nós estejamos juntos”, disse.

Para Pacheco, o campo da direita em MG está congestionado com Zema, o senador Cleitinho (Republicanos) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL), apoiados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. “O centro tem que se organizar e eu acho que o caminho do centro em Minas é um pouco mais vinculado à esquerda”, defendeu, ao citar que o PSD tem três ministérios no governo Lula.

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Fim da reeleição

Por outro lado, Pacheco voltou a defender o fim da reeleição para cargos no Executivo a partir de 2030, quando os atuais governantes não serão mais diretamente atingidos. O presidente do Senado propôs aumentar o tempo dos mandatos para cinco anos.

No caso de deputados, que hoje concorrem a cada quatro anos, os mandatos também aumentariam para cinco anos. Para senadores, a proposta é estender o mandato de oito para dez anos. “Dá muita independência para tomar decisões”, disse, ao defender um tempo maior de mandato no Senado.

“O fim da reeleição vai ser um grande bem que vamos fazer ao Brasil. Essa polarização, esse estado eleitoral permanente vai acabar”, declarou Pacheco. Ele disse que a introdução da possibilidade de mandatos consecutivos durante o governo Fernando Henrique Cardoso foi “casuística” e com “vício de origem”, já que permitiu a reeleição do então presidente.

“Se faz tudo para ser reeleito, gasto desenfreado”, declarou o presidente do Senado, ao dizer que haveria também uma economia com gastos da Justiça Eleitoral. Pacheco afirmou que pode haver resistência do governo Lula à proposta, mas ponderou que a vontade dos senadores “é muito grande”. Ele ainda disse respeitar a posição da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que chamou a medida de “oportunista” e “retrocesso”.

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