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Para presidente, cidades devem decidir alianças

Em entrevista na TV Cultura, Lula critica decisão da cúpula petista sobre sucessão em BH

Por Moacir Assunção
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se contrapôs à cúpula do PT a respeito das eleições municipais em Belo Horizonte, em entrevista ontem ao Jornal da Cultura. Indagado sobre o apoio do PT local e do prefeito Fernando Pimentel ao candidato do PSB, Márcio Lessa, com endosso do governador Aécio Neves (PSDB), Lula defendeu a tese de que as cidades "decidam alianças em função da realidade local". De acordo com ele, no passado, a direção nacional do PT se reunia em São Paulo "como se fosse um conjunto de magistrados" e decidia qual era a lógica da aliança política em Boa Vista e Belém. "Às vezes, nós queremos fazer uma aliança em São Paulo e esse partido é o pior inimigo do PT em Belém", afirmou. Há duas semanas, a cúpula do partido vetou expressamente a aliança com o PSDB em Belo Horizonte. Irritado, Pimentel anunciou que recorrerá contra o veto e não descartou a hipótese de ir à Justiça para preservar o acordo com um tradicional adversário de seu partido em nível nacional. Na entrevista, o presidente voltou a defender a opção do etanol ante outros combustíveis fósseis, demonstrou contentamento pela promoção do Brasil a grau de investimento pela agência Standard & Poor?s, sugeriu que os sindicalistas façam um projeto de lei de iniciativa popular em prol das 40 horas de trabalho, negou que o Brasil gaste muito com o setor público e defendeu a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que corta os salários dos funcionários da Advocacia-Geral da União, em greve. Com relação à diminuição da jornada de 44 para 40 horas, defendida por sindicalistas, Lula disse que os sindicatos é que têm de tentar aprovar um projeto no Congresso. "Disse aos sindicalistas: ?vai para a rua, vá pegar a assinatura de trabalhadores e dêem entrada no Congresso num projeto que mobilize a sociedade em torno dele, para que, quando chegar, esteja debatido na sociedade.? O que não pode é as pessoas imaginarem que o presidente da República pode fazer um projeto e mandar para lá, que fica quase uma imposição do governo." Para Lula, o Brasil não tem gastado muito com os funcionários federais. "Houve um tempo em que o Estado passou oito anos sem dar reajuste ao servidor público e não melhorou a vida do Estado. E, quando não dá aumento para o funcionalismo público achando que vai fazer contenção de despesa, o que você faz? Faz contenção da qualidade de um serviço que o governo tem de prestar à sociedade." Lula fez um afago ao STF. "Eu sou amplamente favorável à decisão da Suprema Corte (sobre a AGU). Não trabalhou, não ganha. Ora, se eu não trabalho, quero ficar em greve 30 dias, 20 dias, 40 dias, e eu pago o salário, isso não é greve, é uma férias (sic)." O presidente defendeu "uma euforia comedida" com a concessão de grau de investimento. "O jogo tem muito tempo pela frente e nós sabemos que estamos construindo um processo de macroeconomia neste país que vai levar algum tempo para a gente estar consolidado."

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