A nota fiscal de compra dos dois pedalinhos com capas com os nomes dos netos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estão no lago do sítio Santa Bárbara, em Atibaia, foi emitida no nome de um subtenente do Exército e assessor especial da Presidência destacado para prestar serviço ao petista. De acordo com documento revelado pelo site O Antagonista, os brinquedos foram adquiridos por Edson Antonio Moura Pinto no dia 19 de dezembro de 2013 junto à fábrica Ipê Fibra de Vidro, em São Lourenço (MG), e custaram R$ 5,6 mil.
Apesar de o sítio Santa Bárbara estar no nome de dois empresários, Jonas Suassuna e Fernando Bittar, sócios do filho de Lula, investigadores da força-tarefa da Operação Lava Jato suspeitam que o imóvel na verdade seja do ex-presidente. O local é frequentado pela família do petista e serviu de abrigo de 200 caixas de pertences do ex-presidente quando ele deixou o Palácio do Planalto 2011. De acordo com documentos obtidos pela Polícia Federal, a reforma do sítio foi paga pelo pecuarista José Carlos Bumlai, amigo pessoal de Lula.
O Instituto Lula confirmou que o subtenente Edson Moura efetuou a compra, mas ressalta que não foram utilizados recursos públicos na aquisição. Segundo o instituto, quem pagou pelos pedalinhos foi dona Marisa Letícia, esposa de Lula. O instituto afirmou ainda que o subtenente que efetuou a compra exerce cargo de livre provimento para ex-presidentes e, portanto, estava dentro de suas funções quando efetuou a compra dos pedalinhos. O instituto afirma ainda que Lula e Dona Marisa não são donos do sítio, que pertenceria a amigos que ofereceram ao casal um local de descanso que pudessem frequentar.
Em ação civil protocolada na última sexta-feira, 26, junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), a defesa do ex-presidente afirmou que o sítio foi comprado pelo amigo e ex-prefeito de Campinas Jacó Bittar (PT), em 2010, para que as duas famílias pudessem “conviver” e para que ele pudesse “acomodar objetos” recebidos do “povo brasileiro” pelo ex-presidente durante seus dois mandatos.
Na segunda-feira, 29, onze procuradores da República que integram a força-tarefa da Operação Lava Jato afirmaram ao STF que investigam ‘supostas vantagens indevidas’ a Luiz Inácio Lula da Silva no período em que ele exercia o mandato de presidente.
Para a defesa ‘é descabido e censurável a afirmação de que haveria suspeita de que o ex-presidente Lula teria recebido vantagens ilícitas durante o “mandato presidencial”, pois não há qualquer elemento concreto que possa dar suporte a essa afirmação, senão um exacerbado entusiasmo associado a um pensamento desejoso (wishful thinking)’.
Nesta terça-feira, 1, advogados de Lula protocolaram nova petição no Supremo Tribunal Federal (STF) em que pedem à ministra Rosa Weber que analise o pedido de liminar para suspender os procedimentos investigatórios sobre o sítio de Atibaia e o apartamento tríplex na praia do Guarujá – outro imóvel sob suspeita da força-tarefa de que seja do petista – até que a Corte defina quem pode cuidar do caso, o Ministério Público Federal ou o Ministério Público do Estado de São Paulo. O Instituto Lula também nega ser dono do imóvel no Guarujá.