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PF prende Daniel Dantas, Nahas e Pitta por corrupção

Eles são acusados de integrar esquema de lavagem de dinheiro e outros seis crimes; grupo teria movimentado US$ 1,9 bi; segundo investigadores, banqueiro e investidor comandavam organizações criminosas

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Por Redação
Atualização:

A Polícia Federal prendeu ontem o banqueiro Daniel Dantas, do Grupo Opportunity, o investidor Naji Nahas, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta (1997-2000) e outros 14 acusados - doleiros, funcionários de Nahas e empresários ligados a Dantas -, por suposto esquema de desvio de recursos públicos, corrupção, fraude no mercado de ações, gestão fraudulenta de instituição financeira, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. A Operação Satiagraha mobilizou 300 agentes federais e foi desencadeada às 5h30 em São Paulo, Rio, Bahia e no Distrito Federal para o cumprimento de 24 ordens de prisão e 56 mandados de busca e apreensão. O esquema teria movimentado US$ 1,9 bilhão ilicitamente. Especial explica o esquema que levou à prisão de Dantas Galeria: veja mais imagens da operação da PF Entenda o nome da Operação Satiagraha, que prendeu Dantas Fórum: Opine sobre a prisão de Dantas, Nahas e Pitta Daniel Dantas, pivô da maior disputa societária do Brasil Preso pela PF, Pitta já foi condenado à prisão em outro caso Delegado que prendeu Dantas atuou em outros escândalos Naji Nahas vendia ações a si próprio As ordens de prisão - 22 temporárias, por cinco dias, e duas preventivas - foram decretadas pelo juiz Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, especializada em processos sobre crimes financeiros e do colarinho-branco. O juiz, que quebrou o sigilo fiscal de parte dos investigados, vê "práticas sujas" nas empresas dos acusados. Ao autorizar a missão federal ele ressalvou que esta não é uma "operação midiática". Segundo a PF, Dantas e Nahas eram os "capos" de duas organizações criminosas que atuavam separadamente e há pelo menos três anos se uniram para promover desfalques no erário, remessas ilegais para paraísos fiscais, concessão de empréstimos vedados e uso indevido de informação privilegiada. A PF prendeu 17 suspeitos, 9 no Rio e 8 em São Paulo - 7 estão foragidos. Os federais vasculharam 56 endereços, segundo anotou o superintendente regional da PF paulista, delegado Leandro Daiello Coimbra, e apreenderam R$ 1,18 milhão em dinheiro vivo, 9 automóveis de luxo, inclusive Mercedes-Benz, Audi e Chrysler, além de documentos, computadores e manuscritos. Dantas foi preso e algemado em sua cobertura, na Avenida Vieira Souto, Ipanema, zona sul do Rio. Os agentes levaram como testemunhas funcionários do Hotel Fasano. Advogados do escritório de Nélio Machado acompanharam a missão. O sócio-fundador do Opportunity saiu em carro sem identificação e foi levado à superintendência. Cerca de 20 agentes ficaram 12 horas no Opportunity do Rio, de onde saíram com sacolas com documentos e discos rígidos. Nahas foi localizado em sua mansão, na Rua Guadelupe, Jardim América, em São Paulo. Os policiais permaneceram na casa do investidor por 14 horas, em busca de documentos. Nahas teria passado mal. Um vigia foi preso porque se recusou a abrir os portões. À noite, algemado, o investidor foi levado para o Instituto Médico Legal e depois para a carceragem federal. Celso Pitta foi despertado em sua casa, no Jardim Paulista. De pijama abriu a porta para os agentes que lhe puseram algemas. A PF apurou que Pitta, chamado pelo grupo de "Jaboticaba", recebia semanalmente "altos valores" de Nahas - um único repasse foi de R$ 70 mil. "As duas organizações envolvem uma engenharia financeira que pouco se viu", declarou Grandis. "Criaram um fundo vinculado às Ilhas Cayman para investimentos de residentes no Brasil e no exterior sem comunicação à Receita e ao Banco Central, o que caracteriza evasão de divisas e fraude." A origem da ofensiva é o mensalão - suposta compra de apoio ao governo no Congresso. A procuradoria em São Paulo recebeu papéis sobre pessoas sem foro privilegiado. Foram identificados depósitos da Telemig e da Amazônia Celular, que têm participação financeira e societária de Dantas, em contas de Marcos Valério, acusado de operar o mensalão. Segundo a PF, o doleiro Lúcio Bolonha Funaro, envolvido com o mensalão, mantém ligações com Nahas e Dantas. A Justiça autorizou acesso aos dados sobre as ações do Opportunity, extraídos de um disco rígido do servidor de rede do banco que a PF apreendeu em 2004 na Operação Chacal. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras apontou Maria Alice, mulher de Dantas, como laranja do grupo. Ela movimentou R$ 21 milhões. Verônica, irmã do banqueiro, aparece como ?sócia? de 150 empresas. "Deparamos com uma organização criminosa muito bem estruturada, que mantém pessoas infiltradas em diversos órgãos", disse Queiroz. "A organização tinha como líder e cabeça um famoso banqueiro, Dantas. Identificamos outra organização, comandada por Nahas, voltada ao mercado de capitais e tendo como alvos principais o desvio de recursos públicos e riquezas do País. Uma situação muito perniciosa para o País, que nos deixa assustados com o nível de intimidação e poder de corromper." FAUSTO MACEDO, MARCELO GODOY, RODRIGO PEREIRA, ROBERTO ALMEIDA, FABIANA CIMIERI, FELIPE WERNECK e MÔNICA CIARELLI

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